Nova exposição ocupa o entorno do prédio histórico a partir de 4 de dezembro e amplia o diálogo com a cidade
O Museu Nacional de Belas Artes (MNBA) segue reinventando sua relação com o público durante a restauração de seu edifício histórico. No dia 4 de dezembro (quinta-feira), a instituição lança Bela Moderna Contemporânea, exposição que ocupa os tapumes que circundam o prédio e transforma o canteiro de obras em galeria temporária a céu aberto — um gesto ousado que marca uma nova fase do projeto “Um Olhar pela Fechadura”.
Se o público ainda tem acesso restrito às áreas internas, o MNBA devolve à cidade uma experiência estética direta, democrática e inesperada. Os tapumes deixam de ser barreira e se tornam suporte artístico, ativando o entorno do museu, aproximando novos espectadores e rompendo fronteiras entre o institucional e o urbano.
Idealizada pelos curadores Greice Rosa e Marco Antonio Portela em parceria com o museu, a mostra reúne 53 artistas de diferentes regiões do país — muitos deles com pouca circulação institucional — e nomes convidados, já consagrados no circuito da arte contemporânea, como Rogério Reis, Vicente de Mello, Marcos Bonisson, Edu Monteiro, José Diniz, Mayra Rodrigues e André Sheik, entre outros.
As obras — que incluem fotografia, pintura, desenho e experimentações visuais diversas — foram especialmente adaptadas para o formato lambe-lambe, técnica histórica da arte urbana que permite a aplicação direta dos trabalhos sobre os tapumes. Ao ocupar esse suporte popular e efêmero, a exposição transforma o perímetro da obra em um espaço de circulação estética viva e contínua.
Os artistas participaram de uma residência no MNBA, vivenciando, de dentro, as transformações físicas e simbólicas trazidas pela restauração. Suas obras refletem sobre o papel dos museus no século XXI, as disputas por visibilidade e os desafios da democratização cultural.
Ao adotar o lambe-lambe, Bela Moderna Contemporânea tensiona os limites entre erudito e popular e assume a vulnerabilidade do espaço público: chuva, sol, trânsito, pressa, interrupções. Nesse encontro entre arte e cidade, o MNBA reafirma sua vocação pública e inscreve sua presença no cotidiano do Centro do Rio, mesmo em meio às obras.
Um museu em obra, em movimento e em diálogo com a cidade
A exposição reforça o que o MNBA vem construindo: um museu que não espera a conclusão de sua reforma para se fazer presente. Ao contrário, assume o processo como matéria-prima de criação, abre caminhos de acesso, busca novos públicos e se posiciona como agente vivo na paisagem cultural do Rio.
Os tapumes que hoje acolhem arte apontam para o futuro edifício restaurado — e para um MNBA renovado, plural e aberto aos seus públicos, dentro e fora de suas paredes históricas.
“Breu”, exposição de Vicente de Mello, inaugura o ciclo de exposições e impulsiona nova abertura aos sábados
Antes de Bela Moderna Contemporânea, o programa “Um Olhar pela Fechadura” inaugurou, em setembro, a exposição Breu, com fotografias de Vicente de Mello, que reabriu temporariamente a Galeria de Moldagens 2 e vem registrando grande sucesso de público. A procura crescente motivou o MNBA a ampliar sua agenda: o museu agora passa a abrir também aos sábados, sempre no segundo sábado de cada mês, das 11h às 15h.
Sobre os curadores
Greice Rosa
Artista visual e mestre em Arte Contemporânea e Educação Ambiental, Greice Rosa investiga a fotografia como linguagem poética e é sócia-fundadora d’A Casa Foto Arte. Atua entre criação, docência, direção artística e curadoria. Realizou exposições em instituições como Casa França-Brasil, CCJF, Centro Cultural Light e Centro Cultural Banco do Nordeste, além de assinar curadorias no Festival da Luz (Buenos Aires), no Centro Cultural Hélio Oiticica e no Foto em Pauta. É criadora da Mostra Livre de Fotografia (MLF), atualmente em sua 11ª edição.
Marco Antonio Portela
Artista, curador e mestre em Arte pela UFF, Marco Antonio Portela desenvolve uma trajetória que integra produção visual, pensamento crítico e formação de artistas. Professor no Espaço A Casa e na pós-graduação da Universidade Cândido Mendes, é também sócio d’A Casa Foto Arte. Criou os projetos MAP e MAPi, dedicados à arte postal, e a publicação Orelhas Contemporâneas. Realizou individuais e coletivas em instituições como Caixa Cultural RJ, Museu Histórico Nacional, Centro Cultural Correios e Bienal do Recôncavo. Como curador, assinou projetos para o MARCO (MS), Centro Cultural Hélio Oiticica, CCJF, CCBNB, entre outros. Suas obras integram acervos como Joaquim Paiva, MAM Rio e Centro Cultural da Caixa Econômica.
Serviço
Bela Moderna Contemporânea — Exposição de arte urbana
- Abertura: quinta-feira, 04 de dezembro de 2025 – de 15 às 19h
- Local: Museu Nacional de Belas Artes – Tapumes
- Endereço: Av. Rio Branco, 199 – Centro, Rio de Janeiro
Artistas participantes:
Afonso Magalhães, Alexandra Karmirian, Alice Sauma, Ana Mattos, Ana Paula Albé, Ana Pose, André Sheik, Angela Rolim, Anne-Marie Maculan, Aparecida Silva, Belchior Gonçalves, Bernardo Conde, Caique Cunha, Celina Portella, Chico Fernandes, Clara Carsalade, Claudia Mauad, Claudia Yamada, Dayse Feijó, Denise Greco, Dominique Schoeni, Edu Monteiro, Eduardo Mariz, Eliane Heeren, Felipe Fittipaldi, Fernanda Lima, Flor Azul, Guido Nietmann, Hiroko Yamashita, José Diniz, José Roberto Bassul, Luciane Villanova, Luiz Baltar, Luiz Nogueira, Márcio Valença, Márcio Zardo, Marco Antonio Rezende, Marcos Bonisson, Maria Cecília Leão, Maria Eugênia Nabuco, Mayra Rodrigues, Miriam Ramalho, Nanda Cruz, Paula Guinle, Piti Tomé, Raimundo Rodrigues, Renato Bezerra de Mello, Roberta Pisco, Roberto Unter, Rogério Reis, Silvio Moréia, Sonia Rummert, Vicente de Mello.
Visitação – parte interna (exposição Breu – Vicente de Mello):
- Segunda a sexta, das 13h às 17h (última entrada às 16h30)
- Novidade: aberto também aos sábados, sempre no segundo sábado do mês, das 11h às 15h
- Entrada: gratuita
- Instagram: @museunacionaldebelasartes
