
Diálogos Femininos | Foto: Marcelo Goulart
Nesta quarta (3): Cia Baobá Minas realiza última apresentação da temporada do espetáculo “Diálogos Femininos e Identidade”, na Funarte
Companhia celebra 26 anos com espetáculo de dança que reverencia personalidades marcantes da história, de Carolina Maria de Jesus a Ângela Davis; última apresentação desta temporada acontece nesta quarta-feira, dia 3/12, às 19h, na Funarte
Depois de voltar aos palcos repaginado o célebre espetáculo “Diálogos Femininos e Identidade”, concebido por Júnia Bertolino, da Cia Baobá, o grupo encerra a temporada 2025 com apresentação gratuita na Funarte, nesta quarta-feira, dia 3/12, às 19h30. Os ingressos podem ser adquiridos pela Sympla.
A nova versão celebra os 26 anos da Cia Baobá Minas, referência nos estudos e criações relacionadas à dança afro-brasileira em Minas Gerais, e reafirma a capacidade de reinvenção do grupo, ao amplificar as vozes e histórias de mulheres negras, a partir de um repertório atento sobre ancestralidade, oralidade e narrativas afrodiaspóricas.
“A gente traz o samba, a festa, mas ao mesmo tempo a gente traz a dor. Os desafios e vitórias e dessa mulher para sobreviver, para serem respeitadas dignamente”, adianta Júnia Bertolino.
A dramaturgia de Júnia Bertolino é inspirada diretamente nas contribuições e superações de mulheres negras pioneiras em diversas áreas do conhecimento e das artes. Entre elas, estão Marlene Silva, precursora da dança afro em Minas Gerais; Mercedes Baptista, a primeira negra integrante do balé do Theatro Municipal do Rio de Janeiro; Ruth de Souza, considerada a primeira referência negra na televisão brasileira; e Maria Firmino dos Reis, autora do primeiro romance abolicionista do Brasil.
O espetáculo também é conduzido por poemas, canções, citações de livros e reflexões de nomes consagrados na cultura brasileira e mundial, como Ângela Davis, Lélia Gonzalez, Dandara, Nzinga, Nina Simone, Elisa Lucinda, Carolina Maria de Jesus, Marielle Franco, Elza Soares, Teresa de Benguela, Antonieta de Barros, Léa Garcia e Xênia França.
Memórias coletivas
Na remontagem, oito bailarinas assumem a cena – um gesto estético e político que transforma o solo original em polifonia, a partir de movimentos que se assemelham a rituais ancestrais, conduzidos com maestria pelo corpo de baile formado por Marlene Ferreira, Ingrid Reis, Maria da Penha de Sousa, Danielle Cardoso, Shirleine Gomes Brandão, Jahi Amani, Dandara Bertolino, Ana Cláudia Santos e Júnia Bertolino. O espetáculo conta ainda com uma série de artistas convidados, como Eda Costa, Lira Ribas, Gal Duvalle, Rilary Freitas e muitos outros.
A trilha sonora é executada ao vivo por Rodrigo Aziz, José Gabriel Gutierrez e Guilherme Ramos, e oscila entre levadas percussivas da cultura afro-brasileira, ressoando matrizes do congado, do samba de roda e de ritmos atlânticos variados. O canto, a poesia, o gesto e o balé funcionam como chaves de memória para corpos que pulsam, desejam, rezam, convocam e guardam, ressoando o tempo espiralado das ancestralidades de mulheres que têm muito a dizer ao mundo.
“Essas mulheres, as bailarinas, vão trazer também a história delas, através das corporeidades negras, de uma música, de uma fala ou de um poema. Todas elas, em algum momento, interpretam uma das mulheres homenageadas dentro do espetáculo, e que são uma inspiração para todas nós. Temos uma espécie de cruzamento de histórias, cada uma com suas importâncias e diferenças”, diz Júnia Bertolino.
A dança ganha potência verbal com o argumento escrito por Júnia Bertolino e as referências diretas à literatura negra, como a entonação dos poemas “Bendita”, de Conceição Evaristo, e “Mulata Exportação”, de Elisa Lucinda. E os versos autorais da dramaturga, a exemplo das obras “Mulheres Guerreiras Angoleiras” e “Palavra de Mulher”.
Além de todas essas referências, outro recurso que potencializa a narrativa é o mapeamento de projeções no figurino das bailarinas e no fundo de palco, exibindo imagens, signos e palavras que contextualizam as mulheres presentes na obra. As intervenções visuais são criações coletivas de Jahi Amani, Josélio Teixeira, Luna Rosa e Lucas Lobato.
A direção do espetáculo é assinada por Júnia Bertolino, com Jahi Amani na assistência de direção, produção do Teatro Negro e Atitude, iluminação de Tainá Rosa, preparação cênica de Eda Costa e figurino de Aldo Clesius. Também respondem pela curadoria Eda Costa e Lira Ribas.
Cia Baobá Minas
Fundada em 1999, em Belo Horizonte, a Cia Baobá Minas consolidou-se como uma das mais importantes referências em dança afro-brasileira no país. Idealizada pela bailarina, coreógrafa e pesquisadora Júnia Bertolino, junto com o também bailarino e coreógrafo William Silva e o músico Jorge Áfrika, a companhia nasceu com a proposta de unir arte, ancestralidade e formação, promovendo espetáculos, oficinas e projetos educativos que dialogam com a tradição afro-diaspórica e sua atualização na cena contemporânea.
Ao longo de mais de duas décadas, a Cia Baobá Minas acumulou um repertório de obras que transitam entre a dança, o teatro, a música e as artes visuais, com destaque para as montagens “Ancestralidade: Herança do Corpo” (2009), “Quebrando o Silêncio” (2009) e “Diálogos Femininos e Identidade” (2019 e 2025).
Além disso, a Companhia é a realizadora do Prêmio Zumbi de Cultura, iniciativa que desde 2010 homenageou mais de 120 mestres, artistas e grupos relevantes para a cultura. Junto à criação cênica, a Cia Baobá Minas mantém um projeto formativo contínuo em escolas, festivais e eventos, reafirmando sua missão de transmitir os saberes da cultura negra.
SERVIÇO
“Diálogos Femininos e Identidade”, da Cia Baobá Minas
- Última apresentação da temporada 2025
- Quando: Quarta-feira (3/12), às 19h
- Onde: Funarte (rua Januária, 68, Centro)
- Quanto: Entrada gratuita. Ingressos disponíveis pela Sympla
Cia Baobá nas Redes
- Instagram: https://www.instagram.com/ciabaobaminasoficial/
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- Youtube: https://www.youtube.com/@CiaBaoba









