
Imagem: O Último Azul – Filme | Divulgação
O filme brasileiro “O Último Azul” (2025), dirigido por Gabriel Mascaro, oferece uma profunda e instigante reflexão sobre o processo de envelhecimento na sociedade contemporânea.
A narrativa de O ÚLTIMO AZUL centrada na personagem Tereza, uma mulher de 77 anos que se recusa a ser exilada para uma colônia de idosos, serve como um espelho potente para diversas questões psicológicas cruciais. Este texto busca analisar as intersecções entre a trama do filme e conceitos como etarismo, autonomia, desenvolvimento psicossocial e a busca por sentido na velhice.
Etarismo, desengajamento social compulsório e o “carro de velho”
A premissa de “O Último Azul” é a imposição de uma política governamental que força os idosos a se mudarem para colônias distantes, visando maximizar a produtividade econômica da população mais jovem. Os idosos são transportados em gaiolas motorizadas, “os carros de velho”. Esta política é um exemplo extremo e brutal de etarismo (ou ageism), que se manifesta como discriminação e preconceito contra pessoas baseadas em sua idade, principalmente as mais velhas. O filme expõe como o etarismo pode levar à marginalização e desvalorização dos indivíduos idosos, tratando-os como descartáveis ou como um fardo para a sociedade.
“O Último Azul” surpreende ao retratar um desengajamento compulsório e imposto, que nega a agência e a vontade do indivíduo. Tereza e outros idosos são forçados a abandonar seus papéis sociais, suas casas e suas vidas estabelecidas, o que pode precipitar sentimentos de baixa autoestima, isolamento social, solidão e depressão, as consequências psicológicas do etarismo. A recusa veemente de Tereza em aceitar esse destino é uma poderosa contestação a essa forma de desengajamento imposto, sublinhando a importância da atividade e engajamento para o bem-estar psicológico na velhice. Ela se recusa a ser um mero objeto de uma política desumanizadora e busca ativamente retomar o controle de sua própria existência.
RESIGNAÇÃO ou PROPÓSITO DE VIDA
Ao invés de se resignar, Tereza busca novas experiências e desafios, o que pode ser interpretado como a busca por substitutos para os papéis sociais perdidos ou negados. A manutenção da atividade ‒ seja ela física, social, cognitiva ou emocional ‒ é crucial para a satisfação de vida e para combater o declínio psicológico frequentemente associado ao isolamento e à inatividade. O filme celebra a capacidade do indivíduo idoso de se adaptar e de encontrar propósito, mesmo em circunstâncias adversas, reforçando a ideia de que a velhice não é sinônimo de passividade, mas sim de um período contínuo de possibilidades e resiliência.
A obra de Gabriel Mascaro nos LEMBRA então que a velhice é uma fase rica em potencial, que merece ser vivida com plenitude e reconhecimento, longe das amarras de uma sociedade que muitas vezes tenta silenciar e invisibilizar seus membros mais experientes.
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