
Foto: urbannotes
A banda Cura lança seu novo single, “Guerra Santa”, faixa que promete marcar uma nova fase no discurso incisivo do grupo. Conhecida por unir peso e reflexão em suas composições, a Cura aposta em uma mensagem contundente contra a manipulação religiosa e o uso da fé como ferramenta de poder.
Logo nos primeiros versos, a música já estabelece sua temática central:
“Eles prometem salvação / Condenam sua vida / Fazem da fé imposição / São os falsos messias”.
A letra mergulha em críticas ao fanatismo e à exploração da crença, expondo líderes que se colocam como intermediários entre a divindade e o fiel:
“Você precisa encontrar Deus em mim / Direi tudo aquilo que deseja ouvir / Faça o que digo mas nunca aquilo que faço”.
O refrão reforça a atmosfera de domínio e manipulação, em um tom quase messiânico, mas carregado de ironia:
“Eu sou o fim e o começo / Me alimente com sua dúvida / Sigam-me todos sem questionar”.
Com direito a breakdown impactante, a música intensifica a crítica com imagens fortes:
“Manipular marionetes / Crucificar esperanças / Basta rezar pelo meu nome”.
Essa temática conecta a Cura a uma tradição importante dentro do rock. Em 1991, o Genesis lançou “Jesus He Knows Me”, uma sátira direta aos televangelistas e pregadores que exploravam a fé para enriquecer. Décadas depois, o Ghost revisitou a canção em seu EP Phantomime (2023), amplificando a crítica com sua estética teatral e som pesado. Agora, com “Guerra Santa”, a Cura atualiza esse discurso no contexto brasileiro, transformando-o em uma denúncia visceral contra os falsos profetas e suas seitas modernas.
“Guerra Santa” não se limita a provocar; ela escancara um problema real e universal — a forma como a fé pode ser usada para controlar mentes e decisões. O peso instrumental aliado à agressividade lírica reforça o caráter de denúncia que a Cura imprime nesta nova fase.
JEFF FERREIRA










