Touch The Sky volta ao Brasil com show exclusivo na balada AY-YO

Foto: iamtouchthesky

Em meio à ascensão global de artistas asiáticos ganhando força no mainstream ocidental, um nome volta a ecoar entre os apaixonados por K-Hip Hop e K-R&B: Touch The Sky. O rapper sul-coreano, que desde a sua participação marcante no programa High School Rapper 4 vem construindo uma carreira sólida, retorna ao Brasil para uma apresentação única e eletrizante no dia 31 de maio, durante a segunda edição da AY-YO, balada que se tornou referência para fãs da cena urbana coreana no país.

Se eu fosse descrever o Brasil, diria que é o país que eu sempre penso muito. É onde recebo mais amor fora da minha terra natal.

Disse o artista durante a coletiva de imprensa exclusiva concedida a veículos brasileiros. E o carinho é recíproco: desde o anúncio de sua presença, a movimentação nas redes sociais tem sido intensa, com fãs celebrando o reencontro após a sua estreia em território nacional em 2023.

Agora, sozinho no palco, Touch The Sky promete entregar ao público uma noite memorável: 

Na primeira vez, vim com outros artistas. Agora, sendo apenas eu, é mais fácil mostrar a minha identidade. Estou muito animado para essa experiência.

De Purpose à reconstrução

Seu álbum mais recente, Purpose, lançado em novembro de 2024, é mais que um lançamento: é um testemunho emocional de superação. O processo de criação foi interrompido por uma inflamação severa na garganta que o impediu de cantar por semanas. “Minha voz simplesmente parou de sair”, contou. A recuperação, segundo ele, foi lenta, mas o álbum foi ganhando corpo aos poucos, até se tornar o trabalho mais íntimo e maduro de sua carreira até aqui.

Esse álbum é como o meu diário. Escrevi músicas que me ajudaram a superar aquele momento.

Quando perguntado sobre as suas maiores influências na música coreana, ele foi direto: 

Não foram ídolos. Foram meus amigos. Pessoas com quem cresci na música, com quem produzi e compus desde o começo. Isso me formou.

A resposta reflete não só o seu estilo colaborativo, mas também o espírito de comunidade que carrega desde o início de sua jornada. E essa jornada não foi simples. 

No começo, ninguém me apoiava. Meus pais, professores e amigos diziam que música não dava futuro. Mas eu queria provar que era possível, queria a aprovação deles. Hoje eu não canto mais por aprovação, mas por mim mesmo e pelas pessoas que se conectam com o que faço.

Além da dor, o álbum é também um manifesto. 

Quero alcançar muitos ouvintes com a minha música. Quero fazer muito dinheiro, sim, mas também quero continuar fazendo canções que toquem as pessoas e com as quais elas se identifiquem.

Disse, em referência direta ao significado do nome artístico Touch The Sky, escolhido em conjunto com sua equipe. 

No início eu não sabia se combinava comigo, mas depois pensei: talvez combine com a energia que eu carrego.

Brasil: um amor que grita

Foto: iamtouchthesky

Se existe um lugar onde esse reconhecimento se manifesta com intensidade, é aqui. 

Na Coreia, os fãs são mais contidos. No Brasil, o público grita antes mesmo do artista subir ao palco. Isso me marcou muito.

Relembrou o rapper, visivelmente emocionado com a memória. Para ele, o Brasil não é apenas mais uma parada em sua agenda internacional, é um ponto de conexão emocional. Durante a coletiva, destacou o quanto ficou tocado por ver tantos fãs aprendendo coreano para se comunicar com ele e por ver que suas letras tocam pessoas tão distantes de seu contexto original. “Isso é o que me faz continuar fazendo música” afirmou.

Um momento que arrancou sorrisos da imprensa foi quando o artista revelou o seu apreço pela música brasileira. Questionado se havia algum cantor nacional que admirava, ele demorou, mas lembrou com a ajuda da equipe: 

Era o Matuê! Eu escutava bastante o álbum dele, Máquina do Tempo. Lembro de ouvir uma faixa com o Teto também, ouvia direto

Disse rindo do fato de ter procurado o artista no Google como “Mateo” e não ter encontrado resultados. Essa conexão se aprofunda também com outros gêneros. Touch The Sky revelou interesse em estudar mais a fundo a música brasileira, em especial a bossa nova e o samba. 

Quero estudar mais sobre os ritmos brasileiros, como o samba e a bossa nova, para talvez usar um dia como inspiração.

A globalização da cultura coreana “Ainda me surpreende”

Durante a conversa, Touch The Sky comentou com surpresa e admiração o crescimento mundial da cultura coreana, da música à gastronomia. 

Quando eu era mais novo, a cultura coreana não era tão conhecida assim. Hoje, ver o K-pop, o K-hip hop, os doramas, até miojo coreano sendo popular no mundo inteiro, ainda é algo que me choca. Eu ainda não me acostumei. Às vezes parece que estou vivendo um sonho coletivo.

Na pergunta final, ele foi convidado a deixar uma mensagem tanto aos fãs quanto àqueles que sonham em seguir carreira na música, mas ainda sentem medo ou insegurança. Sua resposta, sincera e direta, foi um dos momentos mais fortes da coletiva:

No começo é normal se sentir inseguro. Eu também fui rejeitado muitas vezes, não tinha apoio de ninguém. Mas se você sente que a música é a sua verdade, siga. Se você realmente ama a música, não tenha medo. O começo é sempre o mais difícil, mas o importante é continuar. E para os fãs brasileiros, eu só posso dizer obrigado. Esse carinho que recebo aqui é diferente de tudo. Quero retribuir com um show inesquecível.

Uma noite para entrar para a história

Com o seu retorno, Touch The Sky é o destaque da segunda edição da AY-YO, balada que já conquistou o público alternativo por promover o melhor do K-Hip Hop e do K-R&B no Brasil. A primeira edição foi um sucesso absoluto e agora, com a presença do rapper sul-coreano, a expectativa cresce ainda mais.

Quando vim pela primeira vez, tinha 19 anos. Agora estou com 21 (na idade coreana) e sinto que amadureci bastante. Treinei muito, me tornei mais profissional e estou pronto para entregar um show à altura desse público tão especial.

A organização promete uma experiência imersiva, com música, dança e uma atmosfera única que conecta culturas em uma só noite.

Com sua mistura de vulnerabilidade, carisma e talento, Touch The Sky mostra que a nova geração do K-hip hop não veio apenas para fazer barulho. Veio para tocar corações. E, quem sabe, o céu.

Author

Escorpiana NB de 1992, Babby é jornalista, poeta, fotógrafa, produtora, diretora, artista e professora. Vive entre palavras, imagens e acordes, transformando experiências em arte. Apaixonada por música, é ARMY dedicada e emo de coração, duas identidades que moldam o seu olhar sensível e intenso sobre o mundo. Atua na produção e no making of de bandas do interior de São Paulo, com olhar apurado para o que acontece nos bastidores. Dirigiu e produziu o filme Eu Nasci Assim, participou do programa Na Bota do Rock na FM90, faz cobertura de shows e já foi jurada em festival de cinema. Nas horas vagas, escreve poemas que traduzem os amores, desamores e o CAOS que habita dentro de si. Acredita no poder da criação como forma de existência, resistência e identidade.

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