Na próxima sexta-feira, 25 de abril, os fãs de Ghost finalmente terão em suas mãos o tão aguardado álbum Skeleta. Mas antes mesmo de sua chegada, o palco digital da banda já está em ebulição, com o reaparecimento de Papa V Perpetua, após um misterioso (e debochado) golpe de estado visual promovido por Frater Imperator / Copia no dia anterior.
As capas, ícones e imagens do perfil da banda foram alteradas em plena “primeira de abril”, com Copia reassumindo o protagonismo digital e demonstrando quem ainda comanda o tabernáculo do caos. No entanto, a investida foi efêmera: menos de 24 horas depois, Perpetua retornou — com cara de poucos amigos, e talvez, com sede de justiça (ou vingança?).
Para os fãs iniciados no lore de Ghost, essa briga não é apenas uma jogada de marketing. É uma batalha ideológica entre dois gêmeos:
Copia, o papa carismático, teatral, irônico e amado, que há anos lidera o culto com punhos de veludo…
Perpetua, a nova figura autoritária, de olhar gélido e presença impositiva, que parece disposto a pôr fim à era da diplomacia e instaurar um novo regime dentro do Clero.
E aqui entra um sutil detalhe histórico. A sucessão papal, marcada por disputas internas, traições e choques de poder, é uma metáfora recorrente no palco de Ghost — agora, refletida em uma batalha entre irmãos pelo trono do clero. A única diferença? Não há mais voto secreto. A guerra está explícita.
“I’m number one, you’re number two”: A trilha sonora da treta.
A treta ganhou mais camadas após minha análise de um detalhe crucial na letra de ‘Twenties’, faixa caótica do álbum Impera (2022). Se antes a música soava como uma crítica genérica ao autoritarismo e à decadência do século 20, agora, sob uma nova ótica, ela é interpretada como um possível manifesto de guerra assinado por Copia. A análise sugere que a canção não é apenas uma reflexão social, mas uma provocação direta ao seu rival interno.
“Listen up, hatchet man / You’re the next in the chain of command (as my apparition)”
“I’m number one, you’re number two / You’ve got a lot of God’s work to do”
Os versos parecem endereçados diretamente a Perpetua, desqualificando-o como uma sombra, uma réplica, um usurpador do trono sagrado do Ghost.
O Ghost nunca escondeu seu gosto por teatralidade e metáforas eclesiásticas distorcidas. Desde a “linhagem” de papas anteriores até a ascensão de Copia, tudo é cuidadosamente coreografado para parecer um culto real. Mas a chegada de Papa V Perpetua, uma figura de presença imponente e aura enigmática, trouxe um novo tom à narrativa — mais austero, solene e misterioso. O embate digital recente apenas elevou ainda mais a tensão no universo teatral da banda.
Enquanto Copia brilha com seu carisma e sorriso enigmático, Perpetua aparece como uma entidade austera, silenciosa e implacável. É o caos contra o controle. A dança contra a disciplina. O velho contra o novo.
Sou Jeff Ferreira, apaixonado por música desde sempre. Há 8 anos, transformo minha paixão em matérias, entrevistas e análises que aproximam artistas e fãs. Nerd por natureza, adoro explorar histórias, descobrir novas sonoridades e compartilhar tudo isso em textos que vão além das palavras — porque, para mim, música é emoção, é vida, é conexão.