Arte Sequencial Brasileira: Coletânea de HQs Entra na Reta Final de Financiamento Coletivo. Confira nossa entrevista com o editor Dario Chaves

A obra reúne artistas em edição especial com destaque à diversidade da produção nacional de quadrinhos

 

A campanha de financiamento coletivo da coletânea Arte Sequencial Brasileira está nos últimos dias e busca arrecadar os recursos necessários para viabilizar a publicação desse ambicioso projeto. Organizado pelo jornalista e editor Dario Chaves, a obra reúne mais de 70 roteiristas e ilustradores em uma edição especial de 300 páginas, destacando a diversidade e riqueza da produção nacional de Histórias em Quadrinhos.

E nessa quarta-feira, dia 19/03 às 20h, nosso colunista Adalberto Bernardino conversará, durante uma live em nosso canal @artecult no YouTube, com Dario. Não Perca!!

 

SOBRE  O PROJETO

Clique para ver a campanha

O projeto foi estruturado de modo a equilibrar custos para oferecer a publicação ao leitor por um preço competitivo em comparação a álbuns de formatos similares, funcionando como um coletivo de artistas.

“O grande número de autores, por si só, foi o maior desafio”, explica Dario Chaves.

“Como não era possível me dedicar integralmente ao projeto, foi bastante trabalhoso contatar todos os artistas, selecionar as artes, criar materiais de divulgação e manter todos informados.”

Apesar das dificuldades logísticas, ele destaca a riqueza da diversidade estilística como o aspecto mais prazeroso:

“Cada autor teve total liberdade criativa, sem diretrizes específicas, exceto pela moderação em relação a temas políticos polarizantes”.

O financiamento coletivo no Catarse permite que o projeto se torne viável, assim como tem ocorrido com muitas outras publicações independentes e até mesmo com editoras.

“O crowdfunding democratizou a publicação de quadrinhos, possibilitando que todo autor possa lançar seu próprio projeto”, afirma Dario.

Entretanto, ele aponta os desafios desse modelo: a concorrência entre tantos projetos e o público reduzido de leitores. “Poucos quadrinhos independentes conseguem se tornar ‘best sellers’. Os autores precisam desempenhar diversas funções, desde a criação da obra até a diagramação, orçamento com gráficas, divulgação e envio das publicações.” Isso exige habilidades que nem todos possuem e torna a jornada ainda mais desafiadora.

O sucesso dessa campanha pode abrir caminho para novas iniciativas.

“Nos financiamentos coletivos, os apoios costumam ser altos no início, depois caem e voltam a crescer nos últimos dias”, explica Dario.

Com o prazo se encerrando em 22 de março, a campanha entra em sua fase decisiva.

Para apoiar a publicação e garantir um exemplar dessa obra singular, basta acessar:

 

www.catarse.me/ArteSequencialBrasileira

 

ENTREVISTA COM DARIO CHAVES

Tivemos a oportunidade de conhecer e conversar com Dario Chaves, o idealizador e editor de “Arte Sequencial Brasileira”. Dario nos contou como nasceu o projeto, sua imporância e os desafios da campanha de financiamento coletivo:

1) (QuadriMundi) Dario, o que o motivou a idealizar o projeto “Arte Sequencial Brasileira” e como surgiu a ideia de reunir mais de 70 autores da Nona Arte brasileira?

R: (Dario Chaves) Depois de minha passagem pelo Estúdio Mercado Editorial, por onde eu editava Quadrinhos para a Editora Escala, e pela Editora Opera Graphica, segui minha carreira profissional em comunicação corporativa e continuei fazendo alguns trabalhos freelance na área. Sempre com a ideia de produzir algo, mas sem tempo de executar. Eu tinha editado, em 1996, o álbum Brasilian Heavy Metal, e na época que eu estava trabalhando com o Klebs Junior no Instituto dos Quadrinhos (@institutohq), uma vez o desenhista Laudo (@laudoferreira) apareceu lá e me perguntou por que eu não editava um novo álbum. A ideia foi crescendo até que resolvi colocar em prática. Convidei primeiro os autores que eu tinha mais proximidade, e depois outros vieram por indicação. Até que chegamos a esse número de 70 autores. Para não ficar um álbum gigantesco, a ideia era de histórias curtas, a partir de 4 páginas, mas não muito mais que isso. Apesar de que alguns autores fizeram HQs com dez páginas.

 

Dario Chaves, o idealizador e editor de “Arte Sequencial Brasileira”

2) Quais foram os principais desafios ao coordenar tantos artistas em uma única obra e como você conseguiu manter a coesão e a qualidade do projeto?

R: O grande número de autores por si só é um desafio. Ter de se comunicar com tanta gente, reunir os arquivos das histórias, e todo o processo de edição. Não é difícil, mas é trabalhoso. Mas como tenho experiência nesse contato com autores, foi a parte mais prazerosa do trabalho. O maior desafio mesmo está sendo divulgar a campanha do álbum no Catarse para que a informação chegue ao maior número de pessoas.

 

3) A campanha de financiamento coletivo no Catarse já atingiu 75% da meta. Como você avalia a receptividade do público até agora e quais estratégias têm sido utilizadas para engajar os apoiadores?

R: Muitos leitores deixam para apoiar nos últimos dias, então é possível ainda chegar aos 100%. Mas eu acreditei que alcançaria a meta mais rapidamente. No início da campanha a estratégia foi oferecer uma opção de apoio com frete grátis, o que atraiu muitos apoiadores. Estatisticamente é normal em campanhas do Catarse que tenha muitos apoios no início, depois um intervalo com poucos apoios, e volta a crescer no final. Ao longo da campanha procurei divulgar bastante em grupos de whatsapp e grupos do Facebook. Além do perfil no Instagram. Tive apoio de um grande amigo, o designer José Carlos Chicuta (@jchicuta), que fez os cards que postei no Instagram. Nos cards tem a foto do autor e uma amostra da história, além de outros cards com apelos de marketing. Mesmo com um intenso trabalho, chego ao fim da campanha achando que ainda havia potencial para se alcançar mais gente. Preciso mencionar também outro parceiro nessa jornada, que é o ilustrador e designer Oliver Quinto (@oquinto7) que está cuidando da parte gráfica do álbum, o design do logotipo e diagramação do livro.

 

4) Quais são os principais diferenciais e conteúdos exclusivos que os apoiadores da campanha podem esperar ao contribuir para o projeto?

R: Minha intenção desde o início era de que os autores seriam o principal atrativo do álbum. Sem “extras” ou recompensas tipo “brindes” que muitas campanhas oferecem. Apesar de o álbum estar com um preço muito bom por 300 páginas de HQs, mesmo assim R$ 70,00 não é todo mundo que pode pagar. Qualquer brinde extra que eu criasse iria aumentar o custo e, por consequência, aumentar também o preço final. O mais legal de um álbum de coletânea é a diversidade. Já editei revistas mix no passado, e hoje tenho visto poucas publicações desse tipo. Acho legal a energia desse tipo de álbum. Mesmo com autores de estilos bem diferentes, ou talvez exatamente por isso, o resultado fica bem atraente, na minha visão.

 

5) Como você enxerga o papel do financiamento coletivo no cenário atual das publicações independentes no Brasil, especialmente no campo das histórias em quadrinhos?

R: O financiamento coletivo retrata a atual realidade das publicações de Quadrinhos. Os leitores pouco frequentam bancas de jornais. Costumo dizer que a banca virou um lugar “hostil” para as HQs nacionais justamente porque os leitores não compram mais em bancas como compravam até o início dos anos 2000. Cada vez mais o público migrou para o virtual. O crowdfunding democratizou a publicação de quadrinhos, possibilitando que todo autor possa lançar seu próprio projeto e esse é o lado bom. Mas noto que há poucos leitores, na proporção, para um volume muito grande de lançamentos. E o fato de muitas editoras também lançarem suas campanhas de financiamento coletivo mostra o quanto mudou o cenário da publicação de HQs.

 

6) Pode compartilhar alguma história ou feedback marcante que recebeu de um dos autores participantes ou de um apoiador da campanha?

R: Os autores também se engajaram na divulgação do projeto. Alguns mais, outros menos, mas todos se dedicaram a fazer o álbum dar certo. Os roteiristas e desenhistas foram parceiros e isso é o mais marcante de tudo.

 

7) Quais são suas expectativas para o futuro do “Arte Sequencial Brasileira” após o lançamento e há planos para novas edições ou projetos semelhantes?

R: Terminada a campanha e depois que eu entregar todos os livros aos apoiadores, vai ser hora de dar uma parada, lamber as feridas da batalha, para então refletir os erros e acertos. Só então vou pensar nos próximos projetos. Tenho algumas ideias, mas ainda é cedo para definir como vai ser.

 

 

ARTISTAS PARTICIPANTES

Entre os participantes de “ARTE SEQUENCIAL BRASILEIRA” estão nomes como Laudo Ferreira Junior, autor da trilogia de álbuns “Yeshuah”, “História do Clube da Esquina”, “Cadernos de Viagem”, a série da personagem Tianinha, e adaptações de clássicos como “Auto da barca do inferno” e o filme “À meia-noite levarei a sua alma”; Edgar Franco, conhecido por seu trabalho no universo da ficção científica e arte pós-humana; Eduardo Schloesser, criador do icônico personagem Zé Gatão; o cartunista e ilustrador Bira Dantas, que adaptou Dom Quixote para os quadrinhos, premiado com o troféu HQ Mix de 2009; Thais Linhares, autora e ilustradora de livros e quadrinhos, vencedora do Prêmio Jabuti; o jornalista esportivo da TV Globo e chargista Renato Peters; o desenhista, ilustrador e editor de quadrinhos Ofeliano de Almeida, que também atuou como desenhista de storyboards para a TV e cinema; o escritor e cartunista Edson Aran, que foi editor das revistas VIP, Playboy e Sexy e participou da reformulação do humorístico “Zorra”, da TV Globo; a ilustradora e quadrinista Dadí, autora da série “Pleistocênicos”. Esses artistas, juntamente com muitos outros, contribuem para uma coletânea que abrange diferentes estilos e gêneros, refletindo a pluralidade da arte sequencial produzida no país.

Capa de “Arte Sequencial Brasileira”. Clique para ver a campanha.

Relação de autores :

  • Aldefran Melo
  • Alex Lei
  • Alex Mir
  • Alex Genaro
  • Alexandre Xanditz
  • Ana Pepper
  • artAntiacida
  • Benson Chin
  • Bira Dantas
  • Caio Cesar (Caio Zero)
  • Carlos Gritti Jr.
  • Carlos Paul
  • Claudio Alves
  • Dadí
  • Daniel Ching
  • Dario Chaves
  • Dauana Marcondes
  • Décio Ramirez
  • Debbie Garcia
  • Denis Sevlac
  • Dennis Oliveira
  • Edgar Franco
  • Edgard Guimarães
  • Edson Aran
  • Eduardo Schloesser
  • Elias Martins
  • Emmanuel Merlotti
  • Fabio Fratt
  • Flávio Silva
  • Francélia Pereira
  • Gabriel BillyGazy Andraus
  • Gian Danton
  • Gil Mendes
  • Guilherme Raffide
  • Hamilton Kabuna
  • JB Bastos
  • Jim Robson
  • João Marreiro
  • Jonas Schiaffino
  • Juliano Kaapora
  • Júlio Magah
  • Julio Shimamoto
  • Lancelott Martins
  • Laudo Ferreira
  • Marcelo Abreu
  • Marcelo Caribé
  • Marcos Porto
  • Maurício Lima
  • Muna Porto
  • Ofeliano
  • Oliver Quinto
  • Osnei Furtado da Rocha (Roko)
  • Paul Rikky Talbot
  • Pedro Ponzo
  • Raphael Gritti
  • Reinaldo Snek
  • Renato Peters
  • Renoir Santos
  • Richard Cinti
  • Rikardo Santana-Silva
  • Roberta Cirne
  • Roberto Causo
  • Roberto Kussumoto
  • Robson Reis
  • Rogerio Nunes
  • Ronilson Freire
  • Sam Hart
  • Thais Linhares
  • Toni Rodrigues
  • Willian Hussar
  • Wellington Diaz

 

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