No tempo em que as propagandas tinham um conceito criativo ou, pelo menos, uma unidade temática, as campanhas de TV ajudavam a popularizar as marcas e se tornavam cases de sucesso. Nos idos de 1960, os bonecos promo eram a sensação da época e movimentavam o mercado de anunciantes, atraindo – além do público-alvo – jovens e crianças.
Na acirrada disputa entre as bandeiras de postos de gasolina, por exemplo, a garotada tentava convencer os pais a abastecerem seus carros para garantir o Elefantinho da Shell ou o Tigre da Esso.
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- Boneco brinde – o elefantinho da Shell
- Chaveiro – tigre da Esso
Veja um comercial antigo com o Tigre da Esso:
O Mug, um caso interessante, foi um boneco elaborado por mera brincadeira pelos produtores televisivos Horácio Berlinck Neto e João Evangelista Leão, e acabou se transformando em uma espécie de amuleto da sorte em todo o Brasil. Confeccionado de diversos tamanhos, o “feioso e estranho” mas carismático Mug podia ser encontrado nos chaveirinhos de calça, nos espelhos retrovisores de carros e como souvenir em lojas de presentes, chegando a ser usado para decorar quartos de adolescentes, mochilas e pastas escolares. Seus maiores divulgadores foram os cantores Wilson Simonal e Chico Buarque de Holanda, e a apresentadora Hebe Camargo.
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- MUG – amuleto da sorte dos anos 1960
- Outros MUGs
Nessa vitrine de “fofinhos”, não poderia deixar de mencionar, embora não fosse um boneco promo, o personagem que encantou – e acredite, até hoje encanta fãs fiéis, sendo um ícone da cultura pop italiana: o ratinho falante Topo Gigio.

Topo Gigio
Criado em 1958, teve como primeiro dublador o cantor romântico Domenico Modugno. Na TV brasileira, estreou no final da década de 1960, no programa “Mister Show”, contracenando com o ator e humorista Agildo Ribeiro.
Topo Gigio com Agildo Ribeiro e Regina Duarte na TV Globo. Clique para Zoom:
Topo Gigio também contracenou com Luís Carlos Miele, que havia assumido a atração por um curto período. Um ano depois, o ratinho ganhou destaque no seu próprio programa, “Topo Gigio Especial”, que durou até 1971 e contou com a volta de Agildo Ribeiro.
Confira, clicando abaixo, o Topo Gigio cantando “Chove Chuva” de Jorge Ben Jor na página do Profissão Arte (@producaoculturalbr) no Facebook):
Vale ressaltar que Gigio conquistou as paradas musicais com a regravação da canção composta, em 1937, por José Carlos Burle, “Meu Limão, Meu Limoeiro”, lançada em compacto e recordista de vendas.

Topo Gigi – discos compactos e LP
A manufatura nacional Estrela se encarregou de produzir o boneco como brinquedo, e o personagem estendeu sua gama de produtos licenciados.
Outra febre dessa geração foi colecionar a família dos bonequinhos Brejeiro, distribuídos nos pacotes de arroz de 5 quilos. A qualidade do produto era inquestionável, o preferido da maioria das donas de casa entre os anos 1960 e 1970. Sua mascote principal era, na verdade, um grão de arroz “humanizado”, simpático, que soltava uma gargalhada caricata nos comerciais de TV. Seu bordão era “Falou arroz? Falou Brejeiro! E tá falado!”. A animação criada pelo francês Guy Boris Lebrun caiu no gosto popular e logo surgiram o Marinheiro e outros componentes da família. Essa linha de bonecos foi desenvolvida pela empresa fabricante ATMA e os modelos eram feitos com um plástico rígido e resistente.
Comercial sobre o Arroz Brejeiro e os bonequinhos ATMA:
A maior concorrente da Brejeiro, a Citusa, não perdeu tempo. Lançou um personagem nos moldes dos super-heróis da Marvel, por meio de desenhos animados, que era ninguém menos que “Citusa, o Super-Arroz”, o salvador da dona de casa contra os malfeitores das refeições diárias: o Marujão (pirata) e o Quebradão (viking), símbolos do arroz de baixa qualidade. Bastava ela gritar: – Citusa! E o herói aparecia para socorrer o alimento nosso de cada dia. O personagem também virou um boneco promo, feito de um plástico maleável, dificílimo de se achar nos sacos e pacotes do produto. Além disso, não obteve o mesmo êxito do seu concorrente.

Clique para ver o comercial de 1969 na página do @PartiuNostalgia no Instagram
Mas outros brindes dos anos 1960/1970 também fizeram história, entre os quais, os brinquedos que vinham em cereais matinais, óleos para motores, achocolatados e lembranças de lojas de departamento. Quem se lembra das simpáticas Gotinhas da Esso, um casal de bonecos de plástico, cuja característica era a cabeça na cor amarela?
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- As Gotinhas da Esso – chaveiro e bonecos
- Cena da propoaganda da Esso com as Gotinhas
- Gotinha da Esso – boneco
- Gotinha da Esso – metálicas
E a Turminha Brava da Bardahl? Esse conjunto de personagens (10 itens ao todo) apareceu nos comerciais de TV em desenho animado causando frisson nas crianças.
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- Turminha Brava da Bardahl – bonecos
- Turminha Brava da Bardahl – cena da propaganda
- Turminha Brava da Bardahl – bonecos chaveiro
Propaganda com a turminha Brava Bardahl:
As cestas de Natal Amaral, naquela época muito valorizadas, seduziam as famílias que as compravam pelo tamanho e conteúdo, repletas de guloseimas natalinas e, como brinde, vinha o boneco Gigante Amaral, sucedido pela boneca Emília (do Sítio do Pica-Pau Amarelo), e depois pela figura do jogador Pelé e do Homem do Espaço.
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- Cesta de Natal AMARAL
- Cesta de Natal AMARAL
- Cesta de Natal AMARAL
A geladeira de marca Frigidaire dava sua mascote (um boneco de neve com cartola e cachecol) para quem comprasse o eletrodoméstico. Mas não havia tão somente bonecos promo, pois alguns fabricantes variavam os tipos de brindes. O sabão em pó Rinso, por exemplo, presenteava o consumidor com uma coleção de quatro revistas em quadrinhos dos personagens Disney. A vantagem é que os gibis vinham embalados em um plástico transparente colado no verso da caixa do produto. Isso facilitava a escolha dos colecionadores.
- Bonecos Promo da Geladeira Frigidaire
- Revistinhas Disney do Sabão em Pó RINSO
Ainda nos idos 1960, o achocolatado Toddy realizou uma campanha inesquecível. Cada pote de vidro continha a figura de um índio de plástico (eram 12 modelos diferentes para completar a coleção). Quem juntasse todas as figuras levava a um posto de troca e recebia um Forte Apache completo – a “coqueluche” daquele momento, ou um traje de cacique ou princesa da tribo. As figuras plásticas eram devolvidas e marcadas para que não pudessem ser trocadas novamente.
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Ah, tempos bons! Quem se lembra?
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direitos autorais e são utilizados aqui apenas para efeito de pesquisa e resenha jornalística.
E para fechar por hoje o baú de memórias, deixo aqui um quiz cuja resposta será publicada no próximo artigo. Ah, os três primeiros que comentarem a resposta certa no post oficial desse artigo no Instagram do @artecult, receberão brindes especiais. Participe!
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SOBRE JORGE VENTURA

Jorge Ventura é escritor, roteirista, editor, ator, jornalista e publicitário. Tem 13 livros publicados e participa de dezenas de coletâneas nacionais e estrangeiras. É presidente da APPERJ (Associação Profissional de Poetas no Estado do Rio de Janeiro), titular do Pen Clube do Brasil, membro da UBE – RJ (União Brasileira de Escritores) e um dos integrantes do grupo Poesia Simplesmente. Recebeu diversos prêmios, nacionais e internacionais, como autor e intérprete. Tem poemas vertidos para os idiomas inglês, francês, espanhol, italiano e grego. É também sócio-proprietário da Ventura Editora, CQI Editora e da Editora Iniciatta.

SOBRE O AC RETRÔ

Prepare-se para embarcar em uma viagem no tempo! O AC RETRÔ é um espaço dedicado à nostalgia, à memorabilia, ao colecionismo, relembrando também aquelas propagandas icônicas da TV, telenovelas, anúncios inesquecíveis das revistas e jornais, programas que marcaram época e filmes que nos transportam diretamente para tempos dourados! ️
Aqui, cada post será um convite para reviver memórias, despertar emoções e compartilhar as lembranças que moldaram gerações.
Se você sente saudade de jingles que não saíam da cabeça, comerciais que viraram clássicos, seriados que marcaram a infância ou até mesmo daquele filme que você alugava na videolocadora todo fim de semana, então o AC RETRÔ será o seu novo ponto de encontro. Afinal, recordar é mais do que viver: é reconectar-se com o que nos fez sorrir, sonhar e se emocionar. Fique ligado, porque essa viagem ao passado JÁ COMEÇOU! ✨






































Bravo! Bela estreia!
Obrigado, Ruber!
Jorge, uma imensa honra te receber no ArteCult, agora sua casa também. Viva longa à coluna AC RETRÔ! Vamos divertir muitas pessoas e provocar muita, muita nostalgia! Viva a Cultura Pop Brasileira!
Muito obrigado por essa oportunidade, Rapha! Estamos juntos!
Ótima e deliciosa estreia! Que venham mais artigos geniais como esse. Jorge é sempre excelente! Parabéns ao Artecult.
Meu querido Tanussi, mestre amigo, muito obrigado pela força de sempre!
Coluna show de bola . Amei.
Excelente estreia.
Minha parceira das artes, amiga querida, você é uma grande incentivadora do meu trabalho. Agradeço o seu comentário, Val.
Nossa como eu era doida pelo Mug…Topo Gigio então nem se fala… eu tinha quase todos esses bonequinhos.
Parabéns pela coluna.
Amiga Elaine, muito obrigado pela leitura e prestígio à coluna AC Retrô. Aguarde a próxima no dia 19 de abril.
Que artigo genial! Parabéns ao Jorge Ventura pela excelente coluna e parabéns ao Artecult.
Salve, Rivane! Muito obrigado por ler o artigo e deixar o seu comentário, amiga.
Grande
Grande Jorginho! Texto maravilhoso de um pesquisador bastante competente. Ainda mais quando o assunto é cultura pop. Parabéns!
Obrigado, Marcelo! Sua opinião é muito importante para mim, amigo. Abraços!
Delícia se estreia! Eu só lembro das gotinhas da Esso e do elefantinho da Shell. Meu irmão tinha coleção de chaveiros… Lembro do tigre da Esso mas não como brinde, chaveirinho. A coluna me deu saudade até do que não vivi, tão gostoso é navegar pelas referências. Ah! Topo Gigio também. Nos anos 70, mesmo sem programa, ele continuou referência. Parabéns, Jorge, pela estreia. Já vi que serei leitora cativa.
Ah, Aninha, que bacana! Fico contente por você ter gostado. Sua força é fundamental. Aguarde o próximo artigo, no dia 19 de abril. Beijos!
Parabéns pelo excelente texto publicado na ArteCult! Você realmente se destaca — é daqueles que não sabem fazer nada pela metade: ou faz bem feito, ou nem começa! Seu conteúdo está riquíssimo, com informações valiosas, fotos e vídeos que enriquecem ainda mais a leitura. Top demais! É nítido o cuidado e a dedicação em cada detalhe. Seus textos, com certeza, vão agregar muito à plataforma da ArteCult, e os leitores só têm a ganhar com sua arte e cultura. Parabéns mais uma vez, amigo!
Valeu pela força de sempre, Victor!
Querido, texto sublime. Muita coisa do que escreveu é de antes de minha época. Mas cheguei a curtir o Topo Giggio. Outra: o nome do cachorro era Lobo, não era? Um abração e bem vindo ao ArteCult.
Salve, Márcio! Obrigado, amigo! Sim, o nome era Lobo.
“Parabéns! Artecult sempre com excelentes conteúdos. Vamos relembrar ” (Regina Murray – @reginamlpsicologa)
Começou essa jornada imperdível! Parabéns pelo primeiro artigo, Jorge Ventura !
“Adorei a coluna! Sou saudosista e adoro ver coisas do meu tempo… Hehehe… E o nome do pastor alemão do Vigilante Rodoviário era LOBO.” (Del Schimmelpfeng – @del.schimmelpfeng)
Que delícia relembrar e também conhecer ( alguns não são da minha época) essa sensação de nostalgia aquece o coração!
Vivi muito esse tempo e fiz até aniversário de filha com o tigre da Esso. Boas lembranças
Amiga Elaine, muito obrigado pela leitura e prestígio à coluna AC Retrô. Aguarde a próxima no dia 19 de abril.