Tenho considerações a serem feitas. As indicações ao Prêmio APTR 2025 chegaram, e trouxeram novos nomes, o que despertou a minha atenção.
No entanto, um dos nomes que não deveria faltar entre os indicados era o do ator Tuca Andrada. Por quê? Nenhum outro espetáculo teve maior burburinho que “Let´s Play That ou Vamos Brincar Daquilo”. “Sala Branca”, foi também um espetáculo que chamou atenção dos amantes do teatro, mas quanto a esse último, tiveram o bom senso de indicá-lo. Glórias aos céus!
Mas vamos falar daqueles que merecem ser mencionados.
Quanto às dramaturgias, nada a declarar, foram muito bem indicadas, todas são ótimas e ouvimos falar através dos colegas sobre cada uma das dramaturgias.
No entanto, precisamos abrir um parêntese, afinal, passamos por momentos deveras delicados em relação à democracia, e a pesquisa da dramaturga premiada até fora do Brasil, a Silvia Gomez, sobre Mércia, uma mulher que lutou bravamente ao lado das mães por seus filhos desaparecidos durante a ditadura me faz entender a importância de nos protegermos contra aqueles que tentam anular a memória dos mortos e o direito à nossa tão bela democracia, nosso tesouro libertador.
E como podemos ver, parece rondar o mundo a insatisfação da liberdade do povo. Não foi em vão que nosso filme está três vezes indicado ao Oscar, o tema é bastante pertinente.
E os indicados à direção seguem no mesmo ritmo: todos são bem-vindos e fizeram trabalhos excepcionais.
Quanto à cenografia, Cortez sempre nos deixa alucinados com suas montagens, mas temos aí Marieta com “Um Filme Argentino”, o que a profissional fez é tão grandioso que lembro bem da reação da plateia vendo uma estrutura de metros se movimentar diante dela. Não lembro de algo parecido no ano de 2024. Parabéns a curadoria por lembrar desse trabalho rico e de estética irrepreensível.
Os indicados à iluminação de ‘Neste Mundo Louco, Nesta Noite Brilhante’ e ‘Claustrofobia’ merecem palmas, por um trabalho minucioso, bem apurado, segue minha torcida.
Namatame e Karen, ambos seguem a mesma linha, a elegância. Difícil escolha essa dos figurinistas, são imensos. Namatame em “Alguma Coisa Podre” envaidece o teatro, isso é um fato. Já Karen teve uma percepção fidedigna do tempo, sem querer pôr brilho onde não precisava. No entanto, em um dos momentos do espetáculo, a moça mostra as garras de onça, e traz todo o reggae para o palco, com beleza sem igual, ambos estão na minha torcida, levanto bandeirinha!
Quanto à trilha sonora, ‘Vital – O Musical dos Paralamas’ foi tão respeitoso com a banda Paralamas do Sucesso, fazendo a plateia vibrar, nos deixou ensandecidos com a musicalidade muito bem colocada e sem perder a essência
Sobre as indicações dos artistas, afirmo Márcio Vito engole a gente com os olhos, com o corpo, os fios de cabelo e até as cutículas. Ele está simplesmente fantástico. Impossível não reconhecer a grandeza do artista. Bruce trouxe Raul, está digno de palmas, Othon é uma lenda do teatro, uma lenda artística brasileira e Marco Camelo? Quem é? Um artista periférico que apresenta o “Eu, Romeo”, que esteve online durante a pandemia, o artista não é bom, fato, para ele estar entre os grandes mencionados, fato que conseguiram sair da bolha e enxergarem um profissional muitíssimo bom. Confesso que fiquei surpresa e feliz por essa indicação. A peça é uma graça, trata a rivalidade de duas comunidades e um casal, cada um em um território inimigo.
As atrizes foram bem indicadas, todas fantásticas, mas ainda, sim, não posso esquecer da Guida Vianna que faz do palco um altar, e nos leva a colarmos nela como ímã.
Ator Coadjuvante, Thelmo, né? E atriz coadjuvante, ela, a Valéria, Barcellos, ambos estão muitíssimo bem, parecem protagonistas.
Direção de movimento, aqui cabe uma resenha. Ah! Edio Nunes, será que temos facilidade de encontrar um artista tão completo quanto ele? Indicado ao prêmio Shell como artista e agora como diretor de movimento, Edio é uma espécie de patuá para um espetáculo, ele entra e dá certo. Ele conseguiu prodigiosamente trazer comicidade ao movimento do seu colega de palco Jorge Maia, que maravilha!
Já em ‘Ordinários’, penso que nunca irei esquecer um movimento criado por Álvaro. No final da cena um dos palhaços pisam em um explosivo, e para se livrar, o personagem tira a bota, achei isso mágico, fala tanto conosco, lembro que chorei, porque transformou o pesadelo em nuvem de algodão. Muito-obrigada por isso Alvaro.
Rola empate?
“Quebra Cabeça: em busca da peça que falta”, merece o prêmio. Quando fui assistir à obra, pensei comigo mesma: quanta criança no Adopho block, claro que não vou conseguir assistir à peça, mas não, as crianças se conectam com o espetáculo, detalhe tinha crianças que já conheciam os personagens, ou seja, não era a primeira vez delas a assistir à obra, impossível não torcer por eles!
Quanto às indicações dos musicais, eles carregam um grande defeito: cada um deles… EU OS ASSISTIRIA NOVAMENTE! Mas, infelizmente, não tenho tempo. Bingo!
Sirléia Aleixo merecia, ao menos, um prêmio de consolação na categoria coadjuvante. No entanto, isso parece difícil, já que Valéria Barcellos, sua concorrente, simplesmente arrebatou a plateia no espetáculo ‘Palavra que Resta. Depois da garfe de não terem dado a ela o merecido prêmio como atriz protagonista da montagem “Furacão” da cia Amok ano passado, ao menos um merecido reconhecimento do mal feito de 2024.
Por aqui encerro, desejando a todos boa sorte e parabéns! Viva o teatro!
LISTA DE INDICADOS AO 19 PRÊMIO APTR – Associação dos Produtores de Teatro
DRAMATURGIA
Daniela Pereira de Carvalho – “A Menina Escorrendo dos Olhos da Mãe”
Flávio Marinho – “Não me Entrego, Não”
Luiz Felipe Reis – “Deserto”
Pedro Brício – “Um Jardim Para Tchekhov”
Silvia Gomes – “Lady Tempestade”
DIREÇÃO
Cesar Augusto – “Claustrofobia”
Daniel Herz – “A Palavra que Resta”
Flávio Marinho – “Não me Entrego, Não”
Luiz Felipe Reis – “Deserto”
Yara de Novaes – “Prima Facie” / “Lady Tempestade”
CENOGRAFIA
André Cortez – “Prima Facie” / “Vital – O Musical dos Paralamas” / “A Falecida”
Fernando Passetti – “Traidor”
Luiz André Cherubini e Mandy – “Pérsia”
Marieta Spada – “Um Filme Argentino”
Natália Lana e Nello Marrese – “Tom Jobim Musical”
ILUMINAÇÃO
Adriana Ortiz – “Claustrofobia”
André Prado e Gabriel Fontes Paiva – “Neste Mundo Louco Nesta Noite Brilhante”
Fernando Nicolau – “És Tu, Brasil?”
Wagner Antônio – “Prima Facie” / “Alaska”
Wagner Pinto – “Traidor”
FIGURINOS
Fábio Namatame – “Alguma Coisa Podre” / “Prima Facie”
Karen Brusttolin – “Vital – O Musical dos Paralamas”
Juliana Bertolini – “O Que Nos Mantém Vivos?”
Luiza Marcier – “Um Filme Argentino”
Marcelo Olinto – “A Falecida”
MÚSICA
André Abujamra – “Hamleto” (Músicas Originais)
Azullllllll – “Alaska” (Trilha Sonora ) / “Faminta” (Direção Musical e Trilha Sonora Original) / “Um Pássaro Não é Uma Pedra” (Direção Musical)
Daniel Rocha – “Vital – O Musical dos Paralamas” (Direção Musical e Arranjos)
Flávia Tygel e Soraya Ravenle – “Perigosas Damas” (Trilha Sonora Original e Direção Musical)
William Guedes e Jonathan Silva – “O Que Nos Mantém Vivos?” (Direção Musical e Composição Musical Original)
ATOR EM PAPEL PROTAGONISTA
Bruce Gomlevsky – “Raul Seixas – O Musical”
Márcio Vito – “Claustrofobia” / “Dois Contra o Mundo”
Marco Nanini – “Traidor”
Marcos Camelo – “Eu, Romeu – Um Shakespeare De Protagonismo Periférico”
Othon Bastos – “Não me Entrego, Não”
Renato Livera – “Deserto”
ATRIZ EM PAPEL PROTAGONISTA
Andréa Beltrão – “Lady Tempestade”
Angela Rebello – “A Sala Branca”
Carol Chalita – “Eu Matei Sherazade – Confissões de Uma Árabe em Fúria”
Débora Falabella – “Prima Facie”
Guida Vianna – “A Menina Escorrendo dos Olhos da Mãe”
ATOR EM PAPEL COADJUVANTE
Cláudio Gabriel – “Bonitinha, Mas Ordinária”
Erom Cordeiro – “Um Jardim Para Tchekhov”
George Sauma – “Alguma Coisa Podre”
Otávio Müller – “Tom Jobim Musical”
Thelmo Fernandes – “A Falecida”
ATRIZ EM PAPEL COADJUVANTE
Bel Lima – “Alguma Coisa Podre”
Carolina Virgüez – “Mariposas Amarillas”
Sirléa Aleixo – “A Cena (Não) Muda”
Stela Freitas – “A Falecida”
Valéria Barcellos – “A Palavra Que Resta”
DIREÇÃO DE MOVIMENTO
Alvaro Assad – “Ordinários”
Édio Nunes e Milton Filho – “Professor Samba”
Lavinia Bizzotto – “Alaska”
Lúcia Serpa e André Morais – “Memórias de Terra e Água”
Toni Rodrigues – “O Figurante”
ESPETÁCULO
“Lady Tempestade”
“Não me Entrego, Não”
“O Que nos Mantém Vivos?”
“Ordinários”
“Prima Facie”
JOVEM TALENTO
Chico BF – Pelas trilhas de “Lady Tempestade” e “Dois Contra o Mundo”
Hana Kolodny – “Lotte Zweig – A Mulher Silenciada”
Iohanna Carvalho – “Um Jardim Para Tchekhov”
João Thiré – “Pela Trilha de O Figurante”
Luize Mendes Dias – “Hereditária” / “Língua”
Maitê Padilha – “A Dona da História”
INFANTIL
“À Beira Do Sol”
“A Comunidade Arco-Íris”
“Pluft”
“Quebra Cabeça: Em Busca Da Peça Que Falta”
“Voz De Vó”
TROFÉU MARÍLIA PÊRA (escolhido pela comissão do Prêmio APTR)
A definir
ESPECIAL – espetáculos que se destacaram pelo ineditismo, ousadia, comunicação e reflexão (escolhido pela comissão do Prêmio APTR)
A definir
PRODUÇÃO
Teatro Não-Musical
“A Menina Escorrendo Dos Olhos da Mãe”
“A Última Sessão de Freud”
“Alaska”
“Lady Tempestade”
“Não me Entrego, Não”
“Prima Facie”
Teatro Musical
“A Noviça Rebelde”
“Hairspray”
“O Rei do Rock”
“Querido Evan Hansen”
“Tom Jobim Musical”
“Vital – O Musical dos Paralamas”
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