A premiada diretora, coreógrafa e professora Sueli Guerra é atualmente um dos principais nomes do cenário artístico carioca. Em 2024, ela celebra 40 anos de uma trajetória muito bem construída nos principais palcos do país.
Atualmente, sua companhia de dança/teatro Cia da Ideia está em turnê pelo Brasil com o espetáculo O Corpo que eu Habito, com patrocínio da Vale. O musical da Broadway Uma Babá quase Perfeita, sucesso de público, está em cartaz no Rio e conta com sua assinatura na criação coreográfica.
Este ano, Sueli recebeu mais um prêmio da APTR como reconhecimento pelo seu talento pela Direção de Movimento do musical Beetlejuice. Em 2020, ela ganhou o Prêmio Botequim Cultural, APTR e Prêmio Cenyn por Melhor Coreografia do espetáculo A Cor Púrpura, o Musical. Em 2001, ganhou o Prêmio Coca-Cola de teatro jovem pela coreografia do espetáculo Praça Onze. Ela também foi vencedora do Prêmio Cenyn por Bibi, uma Vida em Musical.
No cinema, ela foi responsável pela coreografia de diversos filmes como Madame Satã e Chatô. Além da experiência com direção de movimento e coreografia, ela também já dirigiu diversas montagens: O Crime do Professor de Matemática, Piano Bar, Meu Lugar no Mundo, O Búfalo, Emilinha, Um Musical de Palhaças – cada uma com seu quadril, Divina Elizeth e O Balcão – a desconstrução.
Nesta breve entrevista para o ArteCult, ela compartilha um pouco sobre sua visão artística e novos projetos:
1) Você iniciou a sua carreira como bailarina, passou a assinar também como diretora de movimento e atualmente faz a direção geral de peças e musicais. Como é o seu método de direção? Como você prepara o elenco?
Sim, não acho que tenha um método específico, acho que é a junção de vários métodos e pesquisa que sejam pertinentes a cada espetáculo, cada estilo diferente. Mas acho que tenho um ” jeitinho” e passa muito pela pesquisa da compreensão do texto e da linguagem corporal.
2) Um dos segredos de um bom espetáculo é a seleção de bons atores e dançarinos. Como você faz essa escolha? Quais características você considera essenciais em um profissional, além da parte técnica? E qual comportamento te deixa sem paciência ou faz você não querer trabalhar com um profissional?
Bem, um bom artista pra mim tem técnica, sensibilidade, é flexível na condução, está aberto a experimentar. Um comportamento que me tira a paciência é a soberba, que geralmente vem acompanhada da falta de delicadeza. Para mim, respeito e delicadeza, junto a uma boa escuta são primordiais.
3) Este ano você ganhou o prêmio da APTR pela direção de movimento de Beetlejuice. Como foi o processo de direção de movimento deste espetáculo?
Foi incrível! Eu amo o filme. Trabalhar pela segunda vez com um musical da Broadway – claro que a versão é nossa, mas tem uns parâmetros a serem cumpridos, foi muito incrível! Aliás, o primeiro musical da Broadway que trabalhei foi A Cor Púrpura, que me rendeu também muitos prêmios.
4) Como você se alimenta artisticamente? O que gosta de assistir e de ler?
Eu vejo tudo! Amo literatura, amo cinema, arte em geral! Acho que a gente precisa ver, ler, ouvir, tudo é estímulo e inspiração. Atualmente, minhas leituras estão passeando entre Bell Hooks e literatura brasileira. Estou lendo “Sociedade do Cansaço” (do filósofo sul-coreano Byung-Chul Han), que será o tema do novo trabalho da Cia da Ideia, minha companhia de dança/ teatro.
5) Algum novo projeto para 2025?
Sim, a produção desse espetáculo para minha companhia ( “Sociedade do Cansaço” com a Cia da Ideia) e montar “Uma Babá quase Perfeita” em São Paulo – que atualmente está em cartaz no Rio. E aguardando os próximos!
Mais detalhes sobre sua trajetória:
Sueli Guerra é idealizadora, diretora e coreógrafa da Cia da Ideia, fundada em 2006 e com dez espetáculos lançados. É também diretora e membro fundador da Casa 4 Cia Teatral.
Profissional formada no Ballet Dalal Ashcar, especializada no método Royal pela Washington School of Ballet, graduada em Dança pela UniverCidade (RJ) e pós-graduada em Direção Teatral pela faculdade CAL.
Experiência em docência: Casa das Artes de Laranjeiras (CAL) desde 1997; curso de pós-graduação em Teatro Musicado na UNIRIO, desde 2010; Colégio Pedro II; além de atuar como professora de dança e pilates.
Foi bailarina de companhias como a Renato Vieira Cia de Dança, Laso Cia de Dança, Cia Aérea de Dança, Ballet do Terceiro Mundo, Lourdes Bastos Cia de Dança, entre outras.
É diretora e coreógrafa dos espetáculos da Cia da Ideia (Estação, Jangada de Pedra, Será?!, Pequenas Peças, Batuque Contemporâneo, Batuquinho, Fios do Tempo, Delicadeza e O Corpo que Eu Habito).