A Gravadora Baleia Branca surgiu em meio à turbulência da pandemia, como um projeto ousado e criativo que une músicos de Ubatuba e São Paulo. Sob o comando de Luiz Couto (guitarra, baixo, teclado) e Gabriel Breda (vocal, percussão), a banda encontrou uma forma única de se expressar artisticamente, apesar da distância física. Remotamente, o projeto ganhou vida, explorando uma combinação ousada de blues, reggae, música folclórica e ritmos europeus, sempre com toques de rock pesado e experimentalismo.
Bring Back The Glory: Uma Crítica Social em Forma de Rock
Entre as faixas mais emblemáticas da Gravadora Baleia Branca está Bring Back The Glory, composta por Gabriel Breda durante suas viagens pelo Sudeste do Brasil em 2003. A música é um grito contra a desigualdade social, retratando a seca, a fome e a pobreza que afligem o país. Com a participação do baterista Ralph Casarsa, Bring Back The Glory é um rock visceral, que clama por justiça, saúde, educação e segurança para o povo brasileiro.
A banda tem explorado diversos estilos, e recentemente lançou a faixa Fate of Mankind em 4 de outubro.
“…a música questiona o destino da humanidade.
A letra reflete a existência predatória do ser humano no planeta e os terríveis crimes dos colonizadores ao longo da história.
Livros como ‘O povo brasileiro’ de Darcy Ribeiro, ‘As veias abertas da América Latina’ de Eduardo Galeano, o ‘Ideias para adiar o fim do mundo’ do Ailton Krenak além de ‘A viagem do descobrimento’ do Eduardo Bueno, foram grandes inspirações.☀️’FATE OF MANKIND’ contou com participação especial de @batucadabatmacum nas tumbadoras, alfaia e conduíte psicodélico! Pesando a mão na bateria @ralphcasarsa_psicologo Agradecimentos especiais também as colaborações de @tel_molina @marcusgoulartcfh, @ostracoisa_banda e ao apoio dos ouvidos de @luccas_bracco.”
(Post de 05/10/24 do Instagram @gravadorabaleiabranca)
Entre outros lançamentos de destaque, está Drooling Gin, uma música que mistura rock n’ roll e blues, com guitarras marcantes, gaita e vocais intensos. A canção tem a colaboração do gaitista Giorgio Romano e seu videoclipe, produzido pelo Obscurestudio (liderado por Luiz Couto), captura perfeitamente o clima sensual e envolvente da música.
Para conhecer mais sobre a trajetória da banda e sua abordagem artística, Vivi Moreira entrevistou Gabriel Breda, vocalista e um dos fundadores da Gravadora Baleia Branca. Confira a entrevista completa abaixo:
Entrevista com o vocalista Gabriel Breda – Gravadora Baleia Branca
1- A Gravadora Baleia Branca surgiu durante a pandemia, unindo músicos de Ubatuba e São Paulo. Como foi o processo criativo de construir um projeto musical remotamente, especialmente em tempos tão incertos?
Gabriel: Foi uma época muito difícil para todos, mas um período de muita criatividade para alguns artistas. Eu e o Luiz Couto, o “maestro” da Gravadora Baleia Branca, nunca nos encontramos pessoalmente até dois anos depois de iniciarmos o projeto. Fizemos tudo a distância, entre Ubatuba e São Caetano – SP. Zero estúdio, zero ensaio. Até hoje, seguimos nesse processo remoto, tudo caseiro.
2- Vocês misturam uma grande variedade de gêneros musicais, como blues, reggae, música folclórica e rock pesado. Como conseguem equilibrar essa diversidade de influências e criar uma sonoridade única?
Gabriel: Para nós, é natural abordar uma composição de forma ampla. Acreditamos que a música não precisa seguir um formato fixo. Uma mesma composição pode ter várias intenções, mensagens e momentos distintos. Não seguimos uma receita para agradar a um certo público, buscamos sempre o que é genuíno.
3- “Bring Back the Glory” traz uma forte crítica social, abordando temas como a seca, fome e pobreza no Brasil. Qual foi a inspiração para essa letra e como vocês veem o papel da música na reflexão sobre questões sociais?
Gabriel: A arte transforma e salva. Ela informa, inspira e pode mudar a vida. A música pode ter um grande impacto social, e os músicos, como influenciadores, têm a responsabilidade de utilizar isso para o bem.
4- O projeto “Drooling Gin” explora temas como desejo, vício e liberdade, com uma pegada mais visceral de rock e blues. Como essa mistura de sentimentos se reflete na musicalidade e no clipe da música?
Gabriel: A música fala de entrega, desejo e vício. O clipe, feito pelo Luiz Couto, tem um clima sensual, inspirado nesse universo. O blues são as raízes, e o rock é o fruto disso.
5- Vocês mencionam o uso de elementos experimentais na composição musical. Como é o processo de inserção dessas influências mais ousadas e como o público tem reagido a essa abordagem?
Gabriel: Não somos uma banda tradicional. Temos liberdade para criar e experimentar. Queremos que o público perceba essa autenticidade em nossa música, e o feedback tem sido positivo, com destaque para o caráter orgânico de nossas composições.
6- Quais foram os desafios mais marcantes de desenvolver a Gravadora Baleia Branca durante a pandemia? Vocês acham que esse contexto contribuiu para a identidade do projeto?
Gabriel: Perdemos muito nesse período, mas o isolamento forçou o desenvolvimento de novas habilidades. A pandemia nos ensinou a criar, gravar e produzir à distância, o que, sem dúvida, moldou a identidade da banda.
7- A parceria com outros músicos, como Ralph Casarsa na bateria e Giorgio Romano na gaita, tem sido uma marca registrada em algumas de suas músicas. Como essas colaborações impactam o resultado final das canções?
Gabriel: Essas colaborações enriquecem nosso trabalho. Incluir amigos e familiares nas gravações traz uma conexão pessoal forte para as músicas. Cada músico convidado traz sua própria abordagem, e isso dá personalidade única a cada canção.
8- Com letras que abordam o desenvolvimento da sociedade brasileira e suas questões, qual é a principal mensagem que vocês esperam transmitir através da Gravadora Baleia Branca?
Gabriel: Buscamos o equilíbrio e a justiça. Queremos que nossas músicas inspirem as pessoas a refletirem sobre o Brasil e a sociedade em que vivemos.
9- O videoclipe de “Drooling Gin” foi produzido pelo Obscurestudio. Como foi essa experiência de trabalhar com uma produtora de vídeo e como o clipe complementa a narrativa da música?
Gabriel: Obscurestudio é o próprio Luiz Couto! Ele faz tudo sozinho, e isso reflete a essência da banda. O clipe traduz bem a atmosfera da música, sensual e visceral, complementando a narrativa que queríamos passar.
10- Quais são os próximos passos para a Gravadora Baleia Branca? Podemos esperar novos lançamentos ou projetos em breve?
Gabriel: Temos 5 músicas lançadas em todas as plataformas e muito material guardado para finalizar. Estamos avaliando a possibilidade de lançar um disco, mas o tempo é um fator limitante, já que temos outros trabalhos além da música.
Drooling Gin já está disponível em todas as plataformas de áudio, e o videoclipe pode ser conferido no YouTube:
Siga a Gravadora Baleia Branca
linktr.ee/gravadorabaleiabranca
VIVI MOREIRA – RÁDIO ROTA 220
Vivi Moreira é Compositora, Produtora, designer, toca violão, master chef nas horas vagas, idealizadora da Rádio Rota 220 e Rock Fusion Produções. Escreve sobre música e entrevista artista, produtores e jornalistas no canal do youtube e é uma amante da arte e tecnologia.