Mundialmente conhecido por ser a ponte do Jazz entre culturas, Igor Butman apresenta um repertório marcante em São Paulo e no Rio de Janeiro ao lado da Moscow Jazz Orchestra e da cantora Fantine
Pela primeira vez, as noites paulista e carioca vão receber a maior estrela russa do Jazz internacional. Comandando pelo mundialmente conhecido saxofonista Igor Butman as apresentações com a Moscow Jazz Orchestra (MJO) prometem desvendar os maiores sucessos da carreira do artista em seus mais de 10 álbuns, além de relembrar parceiras com algumas das referências do Swing e do Blues internacional como Chick Corea, Jack DeJohnette, John Patitucci, Stefon Harris e Randy Brecker. Os shows terão a presença da cantora e intérprete Fantine. Filha de uma mãe dominicana e um pai russo, a artista começou a sua carreira na Austrália e, desde então, toca com grandes artistas internacionais em Nova Iorque, Moscou e Melbourne.
As apresentações encerram a temporada do Russian Seasons de 2024, iniciativa do governo e do ministério de cultura russo, que tem o objetivo de promover programas artísticos, projetos educacionais e festivais de cinema que celebram as tradições da Rússia. No Rio de Janeiro, a performance acontece no Teatro Prio, no dia 8 de dezembro, às 19 horas, e em São Paulo, o Teatro B32 abre suas portas para o músico no dia 11. Em ambas as datas, a orquestra também celebrará seu 25ª aniversário, tocando as novidades de seu recém-lançado álbum Borodin and Mussorgsky e relembrando faixas contemporâneas que marcaram época.
Tido como o saxofonista favorito de Bill Clinton, Butman é considerado mais que um maestro virtuoso. De olho na carreira internacional, o artista migrou para os Estados Unidos e consolidou seu nome na cena do Jazz, tocando ao lado de grandes mestres. Desde então, o músico se considera um cidadão do mundo, contribuindo como embaixador para o florescimento cultural e artístico de diferentes regiões, por meio da integração de diversos gêneros e nomes do universo da música. Por seus esforços, recebeu duas distinções: o Prêmio Fundação de Cooperação Cultural Americano-Russa (ARCCF) e reconhecimento do Instituto de Diálogo Sustentável.
Além do renome musical e a vocação como agente multicultural, Butman também tem atuado como produtor de festivais internacionais e diretor de importantes instituições. Nos últimos anos, foi responsável por idealizar e organizar doze eventos de Jazz contemporâneo em Moscou e São Petersburgo. Neste último, ele também atuou como co-diretor artístico com Herbie Hancock no Dia Internacional do Jazz. Ele também é dono do Igor Butman Jazz Club, na capital russa, estabelecimento voltado à promoção da música.
Por sua trajetória e vida obstinada pela música e trocas culturais entre nações, em 2011 Butman recebeu o título de Artista do Povo da Rússia, honraria concedida para indivíduos que atingiram realizações notáveis no campo das artes. Mas não é só na Rússia que o trabalho do saxofonista é celebrado. Ao redor do globo, músicos, críticos e personalidades internacionais admiram a obra do russo e sua grande qualidade de transpor fronteiras e conectar mundos.
“O Senhor Butman é um rolo compressor de saxofonista, com um tom amplo e um instinto rítmico forte” – Nate Chinen, crítico The New York Times
“Adoro a forma de tocar de Igor Butman e adoro-o pessoalmente. Ele tem um grande sentimento pela música e pelas pessoas e é um músico fenomenal. Ele é meu frontman!” – Wynton Marsalis, trompetista e compositor.
“Líder de banda, empresário e embaixador musical carismático, Butman tem sido chamado de figura semelhante a Wynton Marsalis em sua terra natal, elevando o perfil do jazz e construindo públicos não apenas para artistas americanos de alto nível em turnê, mas para talentos locais como ele.” – Jeremy D. Goodwin, jornalista de Cultura, Boston Globe
“O saxofonista Igor Butman, um dos melhores líderes ‘tradicionais’ de big band do estilo americano, mesmo sendo russo”, Will Friedwald, crítico e ator norte-americano, The Wall Street Journal
“Gosto do timbre, do som, da energia do Igor… Igor toca de maneira inspirada e marcante. Eu gosto do jeito que ele interpreta baladas — uma mistura muito bonita de som e sentimentos“, Jack DeJohnette, baterista e pianista.
” A Igor Butman Big Band foi absolutamente sensacional. Muitos avaliaram o show como o melhor que já tivemos… Certamente em termos de big bands nunca vi um público reagir assim em Wigan ou ouvir uma banda tocar com tanta energia e comprometimento. Adoraríamos ter a banda de volta no próximo ano… muitos solicitaram seu retorno.”, Ian Darrington, Diretor do Wigan Jazz Festival, Reino Unido.
Entrevista com Igor Butman
1. Igor, você pode nos contar um pouco sobre como começou sua carreira no jazz? O que o inspirou a escolher o saxofone como seu instrumento principal?
Sabe, tudo começou com o meu pai. Ele é o responsável por eu tocar e amar o jazz. Quando nasci em 1961, poucos meses depois, a famosa Orquestra de Jazz de Benny Goodman veio à União Soviética como parte do desenvolvimento de uma nova relação entre os Estados Unidos e a URSS. Eles fizeram uma grande turnê e realizaram um concerto em São Petersburgo. Meu pai ficou muito impressionado e se apaixonou pelo jazz. Ele era baterista amador, trabalhava como construtor e engenheiro, e à noite tocava como baterista profissional. Desde que comecei a entender palavras e música, ouvia falar de Benny Goodman, Phil Woods, Bob Mintzer, Louis Armstrong e outros grandes músicos. Cresci ouvindo música pop, música soviética e, depois, rock, mas sempre lembrava das histórias do meu pai sobre jam sessions. Comecei a estudar música, gostei do clarinete e comecei a aprender clarinete clássico. Ao entrar no conservatório, lançaram o primeiro curso de educação em jazz na União Soviética, por volta de 1974 ou 75. Havia músicos de jazz jovens, mas mais velhos que eu, que já tocavam em lugares diferentes. Fiquei impressionado com eles improvisando e tocando saxofone. Troquei o clarinete pelo saxofone e comecei a estudar jazz e a improvisar. Desde então, toco jazz no meu instrumento favorito — o saxofone.
2. Quais músicos e estilos de jazz mais influenciaram seu desenvolvimento como artista? Há algum mentor ou figura que teve um impacto significativo em sua carreira?
Tive um grande professor, um dos melhores saxofonistas do mundo, definitivamente o melhor saxofonista alto da União Soviética, o extraordinário compositor e arranjador Gennadiy Golstein. Quando o conheci, ele me deu alguns LPs incríveis: The Cannonball Adderley Quintet in San Francisco e A Night at Birdland de Art Blakey, com Lou Donaldson, Clifford Brown e Horace Silver, que me impressionaram muito. Depois, ouvi Coltrane Plays the Blues e gravações do quinteto do meu professor. Tive a sorte de começar com o melhor da música. Depois disso, comecei a ouvir Sonny Rollins, Michael Brecker, Miles Davis, Herbie Hancock, Chick Corea, Freddie Hubbard, entre outros. Transcrevia solos deles e tentava compor no estilo deles. Um mentor importante foi David Goloshchyokin, um multi-instrumentista russo que me deu meu primeiro trabalho. Tive a sorte de ter professores incríveis e amigos como Grover Washington, Gary Burton e Wynton Marsalis, meu irmão na música e na vida.
3. Você tem uma carreira prolífica, com mais de 10 álbuns lançados. Pode nos contar sobre seus trabalhos mais recentes e o que os torna especiais para você?
Acabamos de finalizar o novo álbum da Moscow Jazz Orchestra, chamado Images. Ele apresenta nossa big band tocando músicas de grandes compositores russos como Mussorgsky e Borodin, arranjadas por Nick Levinovsky, com quem trabalho há 40 anos. Ele adaptou Quadros de uma Exposição de Mussorgsky e compôs uma nova suíte, Rus’ (Rússia Antiga), baseada na ópera Príncipe Igor e na Sinfonia nº 2 de Borodin. Recentemente, gravei com meu quinteto, incluindo o baterista Antonio Sanchez, o contrabaixista Eddie Gomez e dois músicos russos incríveis, Oleg Akkuratov e Evgeny Pobozhiy. Este álbum, Only Now, foi pré-selecionado para o Grammy e, na minha opinião, é um dos meus melhores trabalhos. Estou ansioso para visitar o Brasil, me inspirar e compor novas músicas.
4. Essa é sua primeira apresentação no Brasil. O que o público brasileiro pode esperar dos shows em São Paulo e no Rio de Janeiro? Há algo especial planejado para essas apresentações?
Sim, é minha primeira vez no Brasil. Para nós, músicos de jazz e russos, o Brasil significa muito por causa do futebol, da música e de um livro que todos conhecem na Rússia chamado O Bezerro de Ouro. Foi publicado no começo dos anos 30 e o personagem principal – Ostap Bender – sonhava em ir para o Rio de Janeiro e usar calças brancas. Ele havia lido em algum livro que todo mundo usava calça branca no Rio (risos). Então também estou sonhando com isso! (rindo muito). Estou animado e um pouco nervoso por visitar um lugar que aprendi a amar mesmo sem conhecer. Nós conhecemos muita gente do Brasil, desde Pelé, Ronaldo, Zico e todos os grandes jogadores de futebol.
Nossa big band tem 25 anos e muitos programas diferentes. Ainda estamos pensando no que levar porque o Brasil viu todos os melhores músicos de jazz e tem seus próprios grandes músicos. Temos algumas versões de jazz de canções clássicas e folclóricas russas, temos alguns dos padrões de jazz. Temos minhas músicas, como um de minha autoria chamada Samba de Igor. A propósito, não dei o nome à música! Quem deu foi a grande Rachel Z, uma pianista de Boston e que hoje mora em Nova York. Ela basicamente deu o nome a essa música porque sugeriu o ritmo para minha nova composição. Aí virou Samba de Igor!
Tocaremos minha composição Nostalgia, que tem sido minha música tema por muitos anos e toda vez que a tocamos, eu a toco de forma diferente. Temos alguns músicos jovens realmente muito talentosos que se juntaram à banda e tenho certeza de que todos ficarão surpresos com o quão bons eles são, o com o nível de maestria desses jovens músicos, energia da juventude e seu conhecimento musical. Temos um gênio incrível, o pianista e vocalista Oleg Akkuratov, que sabe tocar jazz, música clássica, e conhece todas as músicas. Você pede para ele cantar uma música de Antonio Carlos Jobim e ele sabe todas de cor, em português e em inglês. E também temos uma ótima vocalista, Fantine. A mãe dela é da República Dominicana, o pai é russo. Então ela fala quatro línguas fluentemente, é linda e tem uma voz inacreditável. Com todos esses grandes músicos talentosos, estamos indo ao Brasil e vamos levar o melhor que melhor para trazer ao Brasil!
5. Como é liderar a Moscow Jazz Orchestra? Quais são os desafios e as recompensas de trabalhar com uma orquestra tão renomada?
A Moscow Jazz Orchestra recebeu esse nome em 2012, antes era conhecida como Igor Butman Big Band. Começamos há 25 anos tocando toda segunda-feira no Le Club, em Moscou, que hoje é o Igor Butman Jazz Club. Liderar a orquestra é buscar talentos — músicos, arranjadores, compositores, gestores — e mantê-los motivados. É ser responsável por cada som e emocionar o público, seja em estádios ou pequenos clubes. Graças à música, temos a chance de viajar pelo mundo, conhecer grandes pessoas e tocar com os melhores músicos do mundo, como Wynton Marsalis, Dee Dee Bridgewater, Ivan Lins e Chick Corea.
6. Quais são seus próximos projetos e colaborações? Há novos álbuns ou turnês que você pode compartilhar?
Estamos em uma turnê por 25 cidades da Rússia. Depois, vamos a Dubai e, em seguida, ao Rio e São Paulo. Em seguida, temos uma turnê na Tailândia. Gravei outro álbum com Eddie Gomez e Andrei Kondakov, e estamos planejando lançá-lo em breve. Também estou trabalhando em um projeto só de baladas com minha orquestra, inspirado em álbuns de Coltrane e Brecker. Recentemente, colaboramos com o baixista Richard Bona no Moscow Jazz Festival e espero tocar com ele novamente em 2025.
7. Como você vê o jazz evoluindo hoje? Quais tendências atuais você acha mais interessantes ou promissoras?
Vejo que o público de jazz na Rússia está crescendo rapidamente. Um dos motivos é o trabalho com minha orquestra e minha fundação, que produz os 12 maiores festivais de jazz do país, como os de Moscou, São Petersburgo, Sochi e Sakhalin. Novas big bands estão surgindo e fico feliz em ver jovens músicos interessados em tocar e levar a música a sério. Temos seis ou sete grandes clubes de jazz em Moscou, então há muitas oportunidades para músicos e ouvintes explorarem o jazz.
Sobre Igor Butman
Igor Butman é um renomado saxofonista russo de jazz, conhecido internacionalmente por sua técnica impressionante e contribuições ao jazz contemporâneo. Nascido em 1961, Butman cresceu em São Petersburgo e desenvolveu sua carreira tocando ao lado de grandes nomes como Dave Brubeck, Chick Corea e Wynton Marsalis. Ele também lidera a Igor Butman Orchestra, uma das mais prestigiadas big bands da Rússia. Além de músico, Butman é diretor de festivais de jazz e uma figura central na promoção do jazz no cenário russo e internacional.
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Teatro Prio
Localizado no Jockey Club da Gávea, no coração da Zona Sul do Rio de Janeiro, em um dos pontos de maior efervescência cultural da cidade, o Teatro Prio reforça a sua vocação para as artes cênicas com grandes espetáculos e uma programação musical com shows de artistas consagrados.
Com uma estrutura e tecnologia de ponta e muito conforto, conta com espaço de plateia que recebe até 352 pessoas, além de oferecer um lounge moderno e uma área externa com vista para o Corcovado.
SERVIÇO
Russian Seasons de 2024 – Igor Butman com Moscow Jazz Orchestra e cantora Fantine
Dia 8 de dezembro. às 19h
Jockey Club Brasileiro – Avenida Bartolomeu Mitre, 1110, Lagoa, Rio de Janeiro
Para garantir ingressos dos espetáculos acesse:
https://bileto.sympla.com.br/event/98019 (Rio de janeiro)
https://bileto.sympla.com.br/event/98020 (São Paulo)