Tenho um Fusca. Azul. Assim mesmo, ponto, azul. Para quem mora no Rio de Janeiro sabe o que é ter um Fusca Azul. É motivo para violência infantil. As crianças se batem quando exclamam Fusca Azul. Tornou-se uma lenda inexplicável e que gerou essa prática ao tapa. No entanto, não nego, adoro ver as crianças dando aquele glorioso tapa no braço do amigo ao lado e rindo.
É nesse processo que começa uma verdadeira caça a outro Fusca Azul. Quando dirijo com meu filho, que sempre reclama do barulho do carro, ficamos olhando de onde vem o primeiro tapa do dia. Já vi adultos aproveitando a oportunidade ao tapa.
Porém, não é o que me move a ter um Fusca. Tenho-o, porque sim. Poderia parar esse parágrafo exatamente agora. Para os antigomobilistas – essas figuras exóticas que movem fundos e rios de dinheiro para ter um carro antigo – vários motivos norteiam quem quer ter um. É uma diversão cara, gostosa e naturalmente nostálgica. Ir a um encontro de carros antigos é ver gerações rindo e chorando por vários motivos. É resgatar memorias. As minhas com o Fusca se devem aos filmes produzidos pela Disney, do meu pai dirigindo, depois pelo meu gosto ao carro, pelo seu charme natural e por seu aspecto histórico. Amo carros. E amo principalmente o Fusca. Tenho também um Jeep antigo, para o prazer da trilha e pelo conforto nas viagens, mas o charme do Fusca é inquestionável. Que o Fusca dure para sempre. O nosso sempre.
MÁRCIO CALIXTO
Professor e Escritor
Coluna de Márcio Calixto