Sobre o porquê de ter um Fusca Azul


Arthur diante do Fusquinha

 

Tenho um Fusca. Azul. Assim mesmo, ponto, azul. Para quem mora no Rio de Janeiro sabe o que é ter um Fusca Azul. É motivo para violência infantil. As crianças se batem quando exclamam Fusca Azul. Tornou-se uma lenda inexplicável e que gerou essa prática ao tapa. No entanto, não nego, adoro ver as crianças dando aquele glorioso tapa no braço do amigo ao lado e rindo.

É nesse processo que começa uma verdadeira caça a outro Fusca Azul. Quando dirijo com meu filho, que sempre reclama do barulho do carro, ficamos olhando de onde vem o primeiro tapa do dia. Já vi adultos aproveitando a oportunidade ao tapa.

Porém, não é o que me move a ter um Fusca. Tenho-o, porque sim. Poderia parar esse parágrafo exatamente agora. Para os antigomobilistas – essas figuras exóticas que movem fundos e rios de dinheiro para ter um carro antigo – vários motivos   norteiam quem quer ter um. É uma diversão cara, gostosa e naturalmente nostálgica. Ir a um encontro de carros antigos é ver gerações rindo e chorando por vários motivos. É resgatar memorias. As minhas com o Fusca se devem aos filmes produzidos pela Disney, do meu pai dirigindo, depois pelo meu gosto ao carro, pelo seu charme natural e por seu aspecto histórico. Amo carros. E amo principalmente o Fusca. Tenho também um Jeep antigo, para o prazer da trilha e pelo conforto nas viagens, mas o charme do Fusca é inquestionável. Que o Fusca dure para sempre. O nosso sempre.

MÁRCIO CALIXTO
Professor e Escritor

Márcio Calixto. Foto: Divulgação.



Coluna de Márcio Calixto

Author

Professor e escritor. Lançou em 2013 seu primeiro romance, A Árvore que Chora Milagres, pela editora Multifoco. Participou do grupo literário Bagatelas, responsável por uma revolução na internet na primeira década do século XXI, e das oficinas literárias de Antônio Torres na UERJ, com quem aprendeu a arte de “rabiscar papel”. Criou junto com amigos da faculdade o Trema Literatura e atualmente comanda o blog Pictorescos. Tem como prática cotidiana escrever uma página e ler dez. Pai de dois filhos, convicto morador do Rio de Janeiro, do bairro de Engenho de Dentro. Um típico suburbano. Mas em seu subúrbio encontrou o Rock e o Heavy Metal. Foi primeiro do desenho e agora é das palavras, com as quais gosta de pintar histórias.