Oi, amigos e amigas, aqui é o poeta Tanussi Cardoso. Vamos iniciar a coluna “SEXTAS POÉTICAS” de hoje, com um poema que sairá no meu próximo livro, intitulado, “Depois do Sol”. Espero que gostem.
O NASCIMENTO DO AMOR
“Há mais amor debaixo de tuas unhas
do que em toda terra lavrada.”
Thereza Christina Rocque da Motta,
fragmento de “Mais Amor”, em Folias
Não é das flores crescendo em teus cabelos
nem das noites dos teus lençóis gemidos
nem do cheiro de rosa dos teus pelos…
Não é do sorriso sonso do teu umbigo
nem da língua que salga teus temperos
nem dos rios jorrando dos teus líquidos…
Não é dos gomos suados do teu sexo
ou do afogar nas matas do teu ventre
nem do espelho sonhando o teu reflexo
ou das estrelas que brilham nos teus dentes…
Não é do gosto do teu beijo de cravo
ou das tuas coxas a arder feito cacto
nem da languidez dos teus braços lassos
ou da tua voz de onde voam pássaros…
É quando tu acordas a manhã com teus olhos claros
que a vida entende todo o seu mistério mágico
e o amor se faz imenso sob o seu manto raro…
(Tanussi Cardoso)
“DICA DA SEXTA”:
ÁLVARO ALVES DE FARIA – “CRAVOS VERMELHOS – 50 Anos da Revolução de 25 de Abril” (Ibis Libris, 2024)
ÁLVARO ALVES DE FARIA é dos maiores poetas brasileiros. Entre seus prêmios, destacam-se o “Prêmio Poesia e Liberdade Alceu Amoroso Lima” de 2018, Rio de Janeiro, e o “Prêmio de Poesia Guilherme de Almeida” de 2019, São Paulo, ambos pelo conjunto da obra. Recebeu por duas vezes o “Prêmio Jabuti” e por três vezes o “Prêmio Especial da APCA”. Foi distinguido, também, com o “Prêmio Anchieta Para Teatro”. Mesmo proibido pela censura federal, seu livro, de 1973, “4 Cantos de Pavor e Alguns Poemas Desesperados” recebeu o “Prêmio Governador do Estado de São Paulo”, o “Prêmio Prefeitura Municipal de São Paulo” e o “Prêmio Pen Clube Internacional”. Em 2003, recebeu o “Prêmio da APCA” de melhor livro do ano, por “Trajetória Poética – Poesia Reunida”. E em 2007, seu livro “Babel” ganhou o “Prêmio de melhor livro do Ano”, da Academia Paulista de Letras. É da Geração 60 da poesia brasileira, com livros publicados em vários países. Jornalista, poeta, escritor, artista plástico. Ciências Sociais, Literatura e Língua Portuguesa. Mestrado em Comunicação Social. Belas Artes. Teosofia. Dedica-se, também, à Histórias em Quadrinhos e à ilustração de livros. Autor de mais de 60 livros no Brasil, 22 em Portugal (terra dos pais), 8 na Espanha e 1 na Itália, entre poesia, romances, ensaio literário e peças de teatro. Dedicou-se por mais de 10 anos à poesia de Portugal, junto à Universidade de Coimbra, e sempre contribuiu, com seu trabalho, com a cultura luso-brasileira. Recebeu o título de “Huésped Distinguido de Salamanca”, outorgado pela Prefeitura da cidade. Em 2010, a convite do poeta CARLOS NEJAR, da ABL, participou do evento comemorativo dos “500 Anos do Descobrimento”, na Universidade do Porto, Portugal. Seu trabalho já foi traduzido em diversas línguas.
Sobre o livro “CRAVOS VERMELHOS – 50 Anos da Revolução de 25 de Abril” (Ibis Libris, 2024), o próprio autor escreveu: “Em Portugal, 25 de Abril significa o Dia da Liberdade. O dia em que os cravos vermelhos venceram os fuzis dos soldados e oficiais que saíram às ruas para combater o movimento do povo e, por fim, passaram para o lado dos revoltosos contra a ditadura que começara em 1926. (…) Era uma época de grave crise econômica no país, além das guerras de Portugal contra os países colonizados na África. (…) Mas chegou o dia 25 de Abril de 1974. Nas ruas, a população pedindo liberdade em manifestações pacíficas. E aí surgiram os cravos vermelhos colocados por mulheres e crianças na ponta dos fuzis. Momento inesquecível para o mundo. Os soldados colocam as armas no chão num grande abraço, que fez retornar as liberdades civis e democráticas e a reconquista dos direitos do povo. Um movimento civil-militar que derrubou Marcelo Caetano, que havia sucedido Salazar. Quando o povo canta, o povo está feliz. Os cravos vermelhos tornaram-se o símbolo da luta, numa alegria contagiante, que encantou o mundo ao som da canção “Grândula, Vila Morena”, de Zeca Afonso, um hino à liberdade e à conquista da terra da fraternidade. Este livro de poemas, “Cravos Vermelhos”, tem o Brasil escondido nas palavras, a esperar seus cravos vermelhos, sempre acuado pelas forças mais retrógradas e corruptas que envolvem toda a sua história. “Cravos Vermelhos” é a contribuição e o respeito de um poeta brasileiro, de família portuguesa, que escreveu o que lhe diz a palavra da liberdade. (…) Que floresçam os cravos vermelhos. Álvaro Alves de Faria, Abril, 2024”
Em uma dedicatória belíssima, o autor dedica o livro “para todos que lutaram e lutam pela liberdade, contra qualquer tipo de ditadura e ditadores, de esquerda, de direita e de qualquer outro grupo autoritário à solta no mundo. Para os que sabem dizer não.”
Com vocês, a voz do poeta ÁLVARO ALVES DE FARIA:
“Vive agora, não lamentes, /
para tudo, nada é tarde, /
sai de ti e te inventes /
a palavra LIVRERDADE”. (POEMA 21)
“Que agora / se revele, /
a farda / do povo /
é a pele. (POEMA 27)
(Álvaro Alves de Faria)
Portanto, não deixem de ler e adquirir o livro de ÁLVARO ALVES DE FARIA: “CRAVOS VERMELHOS – 50 Anos da Revolução de 25 de Abril” (Ibis Libris, 2024). Contato do autor: poetalves1@hotmail.com
“DICAS DE EVENTOS”:
– HOJE, 26 de abril, das 17:30 às 20h, SÉRGIO GRAMÁTICO JÚNIOR lança “O MONGE QUE NÃO ACREDITAVA EM DEUS” (ed. Caçadores de Sonhos). Local: Centro Cultural Justiça Federal, Av. Rio Branco, 241, Centro, Em frente ao Metrô Cinelândia.
– Dia 27 de abril, às 17h, JOÃO FRANCISCO NEVES canta e conta “A HISTÓRIA DA MPB”, com a participação especial de GUIDO SABENÇA. Local: Centro de Música Carioca Artur da Távola, Rua Conde de Bonfim, 824, Tijuca. Ingressos: R$ 40,00.
– Dia 27 de abril, às 19h, a cerimônia de entrega do “PRÊMIO POLO MULTIARTES 2024”, uma homenagem aos artistas, grupos e companhias de artes e da cultura da Ilha do Governador. Apresentação de GILBERTO D’ALMA e MARCELO MENDES. Local: Polo Cultural Ilha, Colégio COC – Cocotá – Estrada do Cacuia, 1333, Cocotá, em frente à Imobiliária Daniel Imóveis.
– Dia 27 de abril, “CLUBE DAS PALAVRAS”, com BRUNO BLACK: “AQUI SÓ TEM GENTE DE PALAVRA”, com lançamento do livro da FABI FERNANDES. Local: Comunidade do Fumacê, Realengo.
– Até 28 de abril, BRUCE GOMLEVSKY, depois de encantar com o seu “Renato Russo – O Musical”, encarna, agora, outra figura mítica, em “RAUL SEIXAS – O MUSICAL”, com direção e dramaturgia de LEONARDO DA SELVA, no Teatro EcoVillariHappy, Sala Tom Jobim, Rua Jardim Botânico, 1008, às sextas e sábados às 20h e domingos, às 19h. Ingressos: https://eventim.com.br/artist/raul-seixas-o-musical/
– Dia 29 de abril, às 15h, “O ELIXIR DOS GÊNIOS GUIMARAENS”, palestra do Professor IVAN PROENÇA, com lançamento do livro “CORRENTEZAS EM TINTA E VERSOS” (Ibis Libris), reunindo 11 poetas da família Guimaraens, num projeto de tirar o fôlego. IMPERDÍVEL!
– Dia 11 de maio, inauguração da exposição “RIO: DESEJO DE UMA CIDADE 1904-2024”, com obras de 75 artistas brasileiros e estrangeiros. Local: Casa Roberto Marinho.
– Dia 11 de maio, das 17h às 22h, inauguração da galeria PONTO G, com a exposição “TEATRO”, com fotografias de NANA MORAES e Dramaturgia de MARCIO ABREU, um encontro entre fotografia, teatro, política e sentimentos. Local: Retrato Espaço Cultural, Rua Benjamin Constant, 117, Glória, próximo ao metrô.
– Até 02 de junho, de terça a sábado, das 9h às 18h, BLACKBERRY, Palavra e Imagem, exposição de WALTER SILVEIRA, com curadoria de DANIEL RANGEL, no Sesc São Gonçalo, Av. Pres. Kennedy, 755 – Estrela do Norte, São Gonçalo. Entrada franca.
NOTA FINAL:
Quando fui chamado pelo editor do Portal ArteCult.com, RAPHAEL GOMIDE, para colaborar com o site com uma coluna sobre poesia, às sextas-feiras, já que, às quartas, ANA LÚCIA GOSLING tem a sua coluna de crônicas, “ÀS QUARTAS”, e, CÉSAR MANZOLILLO, às quintas, escreve o seu “CONTO DE QUINTA”, tive de fazer alguns recortes para que o “SEXTAS POÉTICAS” não saísse atirando para todos os lados. Assim, me propus que só conversaria, basicamente, sobre livros de poesia e poetas, o que, com o passar dos tempos, se revelou um pouco difícil, pois a literatura é muito abrangente e a boa arte, às vezes, nos salta pelas mãos, nos toca o coração e, quando vemos, extrapola boca e mãos. O que é muito bom. A outra barreira que me impus foi a do ano da edição do livro; a ideia inicial era comentar, somente, livros publicados a partir do ano 2000. Essas duas diretrizes venho tentando observar no pilar da coluna, mas, como poeta não gosta muito de regras, de vez em quando, busco escapar delas, afinal, nem sempre simpáticas. Por isso, criei essas “NOTAS FINAIS”, onde me permito falar de assuntos pertinentes à literatura e às artes, tentando burlar um pouco aquelas normas criadas por mim mesmo, com a finalidade de dar um pouco de organicidade ao “SEXTAS POÉTICAS”. Escrevo tudo isso para falar de dois livros que chegaram a mim e que, principalmente, pela beleza espetacular e imprescindível dessas obras, não me perdoaria omiti-las, somente porque existem algumas regras a serem seguidas. Com certeza, o editor do Portal artecult.com vai me entender e perdoar o deslize. Vamos lá, então:
HÉLEN QUEIROZ (@helenqueirozpoesia) é de Carangola, MG, e vive no Rio de Janeiro. É poeta, contista, graduada em História (UEMG), doutora em Educação (UFRJ). Vencedora do “Prêmio Off Flip de poesia 2009” e seu livro “BORDADO DE PIRILAMPOS” (Selo Off Flip, 2016), voltado ao público infantil, foi o vencedor do “Prêmio Off Flip de Literatura 2014”.
O seu livro, “SILÊNCIO LÂMINA” (Selo Off Flipp) é de “2018”, por isso ele não deveria, por nossas regras extremamente rígidas, ser comentado por aqui, pois, além de poesia, contém, ao final, algumas páginas deliciosas de prosa; mas, como resistir à sua leitura, sem qualquer comentário, depois de perpassar suas 91 páginas de bela literatura e pura arte? Entendam o que digo, por exemplo, com esses poemas:
“na tela cubista / um alaúde repousa ao lado de um livro /
na parede feita de pedra e tempo / conversam páginas e cordas /
meus olhos ouvem a imagem” (Sem título)
“tirei fatias finíssimas/ do meu coração /
e fiz um sanduíche / de carne /
com lágrimas” (Desjejum)
(HÉLEN QUEIROZ)
Acho que estou perdoado, certo? (Nota Editor: certíssimo. rs).
Vamos ao outro deslize da semana:
RENATA QUIROGA (@re.quiroga) é psicóloga, psicanalista, escritora e poeta. Seu livro “O ESCUTADOR DA QUARESMA”, In-Finita, Portugal, 2023, igualmente, me fez fugir às regras, especialmente, por ser um livro de “prosa”, um romance psicológico, com alguns poemas escritos em meio aos diálogos, e que foi escrito durante a pandemia de COVID-19. Porém, me foi impossível não me deixar levar por sua leitura quase distópica, fantástica, triste, angustiante e ricamente densa e bela. “A história conta de forma ficcional a convivência das pessoas consideradas loucas com o resto da sociedade. Narra como surgiu a ideia da loucura e a passagem dos loucos pela internação em asilos psiquiátricos.” “O ESCUTADOR DA QUARESMA”, ao que me consta, é o primeiro romance da autora. “Ao encurtar a distância, o Escutador pôde desfazer o ilusionismo visual entendendo se tratar de um menino e seu modelo. Era um, eram dois, eram três… era uma vez a história de todos vocês!”
Pois que venham muito mais histórias, RENATA QUIROGA !
Por hoje, é só. Grande abraço poético do Tanussi Cardoso e até à próxima Sextas Poéticas.
TANUSSI CARDOSO
Confira as colunas do Projeto AC Versos & Prosas:
com César Manzolillo
Querido Tanussi , cada vez mais interessante o Sextas-poéticas! O leitor se delicia, inclusive com a explicação de que burlou as suas próprias regras, por uma boa causa. Continue assim . Estamos amando!
Poema sensualmente sensível, imagético, rico.
Tanussi, obrigada pela sua sensibilidade.
Aprendo muito com as Sestas Poéticas .
Bjs no seu coração ❤
Supimpa tudo o que Tanussi pública na sua coluna “Sextas Poéticas”.
Além do seu poema “sexteiro”, comentários de outros livros e outros lançamentos.
Continuo sendo um devorador de seus “biscoitos phinos” que a massa vai aprender a degustá-lo antropofagicamente.
L.T.
Adelante!
Momento Poético está cada dia mais envolvente. Ótimas dicas, poemas de tirar o fôlego!
Parabéns Tanussi!