Porque somos indígenas

Adryana Ryal (Petara Puri) em “Casca, Origem e Tempo”

A Funarte recebe a dramaturga, poetisa, diretora e atriz indígena Adryana Ryal (Petara Puri), no Rio de Janeiro (RJ), para um solo teatral que mostra um pouco da vida, do pensamento e da resistência de uma “benzedeira da mata” do povo Puri, que vê suas matas sendo ocupadas e destruídas: “Casca, Origem e Tempo”.

“A peça é um grito poético, de socorro e pelo respeito à população da selva, cujas águas, flora, fauna, origens e cultura têm sido arrasadas, desde o início da colonização”, diz a autora e atriz do espetáculo, Adryana Ryal.

Ela acrescenta que, para os Puri, o “povo das matas” inclui, além das pessoas, os vegetais e animais – como as aves. Com traje e adereços típicos, a artista apresenta pequenos instrumentos musicais de sopro, com formas que imitam cabeças de pássaros e cujos sons, autorais, ao vivo, reproduzem os cantos do macuco, do uru, do açu e outros. Diante da devastação da mata do seu povo, Raiz continua a andar, de lugar em lugar, com os objetos e instrumentos sagrados de seu povo, acreditando que um dia as coisas irão melhorar; toca os apitos melódicos; canta e dança, juntamente com o público, em uma atmosfera sonora florestal.

“Não posso deixar de apoiar o trabalho dos indígenas que até hoje não tem o respeito que merecem, e nesse caso sempre me colocarei à disposição desse povo que me representa, onde está toda minha ancestralidade, digo isso com muito orgulho.”