Chamar a Augôsto Augusta apenas de galeria seria reduzir sua pluralidade de papéis. Loja-conceito antes de existirem as tão amadas lojas-conceito. Espaço de cursos do saber antes destes tantos que se consolidam pela cidade e pelo país. Livraria, onde a arte vai das paredes às páginas dos livros. Discos raros e eruditos que faziam fãs se deslocarem de longe em sua busca, como o fazem hoje os caçadores de vinis. E um logotipo que é uma poesia concreta do artista português Fernando Lemos. Na verdade, um “museu de grandes novidades”, como diria Cazuza.
Em seu leme, há 50 anos, está Regina Berjuhy Bertizlian, que mais do que assistir às transformações no mundo da arte, cultura, design e da própria Rua Augusta – que abriga o espaço desde sua abertura em 1968 – participou ativamente de muitas delas, ao lado de sua irmã Lucia Bertizlian, cofundadora do espaço, que nos deixou há poucos anos.
Iniciou um modelo de negócios nas artes, ainda hoje inovador e voltado ao artista, onde estes não eram “representados” pela galeria e sim tinham suas obras compradas pelo espaço.
Como a efeméride destes 50 anos não poderia passar em branco, Regina decidiu fazer um livro, batizado simplesmente de AUGÔSTO AUGUSTA 50 ANOS, um livro-sinfonia (com ária, prelúdio, 3 movimentos e um finale), sob a regência de Regina, que conta algumas das histórias, dos encontros, das exposições, conversas, dos artistas que transitaram e transitam pela casa, enfim, uma janela de observação da nossa produção artística destes 50 anos recentes.
Organizado por Sérgio Gregório, com colaboração de Marly Vidal, Jorge Coli, Luiz Hideki Sakaguti e impresso na prestigiosa Stilgraf, o livro perpassa desde a criação da Rua Augusta, como elo cultural entre o centro e a nova Avenida Paulista, e depois sua descida em direção aos Jardins, com efervescência máxima nos anos 60/70, até chegar a sua revitalização nos 2000.
Augôsto Augusta 50 Anos apresenta imagens históricas de exposições, de artistas como Aldemir Martins, Tuneu, Evandro Carlos Jardim, Regina Vater e tantos outros frequentes no espaço tanto como expositores quanto convidados, peças de arte, de design, cartas como o convite de Pietro Maria Bardi para uma edição da Vogue, de Carlos Drummond de Andrade dirigida carinhosamente a Regina, ou de Jorge Amado. Falando em Drummond, a Augôsto lançou algumas de suas obras, assim como de Jorge Amado, Mario de Andrade, Manuel Bandeira, Cecília Meireles, apenas para citar alguns. Muitas destas histórias e imagens estão no DVD, que é parte integrante da obra.
A produção do livro vai gerar uma exposição de peças que dialogam ou estão presentes na publicação. Estão inclusos os trabalhos de grandes nomes da arte contemporânea nacional como Aldemir Martins, Tuneu, Emanoel Araújo, Evandro Carlos Jardim, Amelia Toledo, Marcelo Grassmann, Darcy Penteado, Alfredo Volpi, Claudio Tozzi, Newton Mesquita, Victor Vasarely, Wesley Duke Lee, Carybé, Regina Vater, além de duas peças grandes artistas internacionais: Antoni Tàpies e Joan Miró. Além destes também as fotografias de Romulo Fialdini, Maureen Bisilliat, Boris Kossoy, Olney Krüse, Leonid Streliaev. É uma espécie de materialização do livro, onde estas obras podem ser vistas e revistas ao vivo e que permanecerão no espaço não apenas no dia do lançamento do livro – 18 de dezembro – mas permanecerão expostas até 28 de fevereiro.
Fonte: Cris Landi – Vicente Negrão Assessoria