Chef Heaven Delhaye, atriz Raquel Potí, atleta Adriana Samuel, e empresárias Je e Clarissa Muniz contam suas histórias
Desde 2014, no dia 19 de novembro é comemorado o Dia do Empreendedorismo Feminino. E nosso país é exemplo de milhões de mulheres que empreendem e gerenciam seu próprio negócio.
Exemplo disso, são as sócias Clarissa e Je Muniz, que começaram a feira O Mercado em 2010. As duas, que tem o mesmo sobrenome, mas são só amigas, faziam bazares em Ipanema e na Lapa com suas marcas, e resolveram unir suas forças de artesãs para abrir seu próprio evento de pequenos produtores.
“O principal motivador foi fazer um evento que fosse pelos olhos de quem cria e não por um produtor de evento, pois sabemos as nossas necessidades. A gente queria colocar isso em prática de uma forma que fosse boa para nós, e para as marcas que eram nossas amigas. A gente tinha uma visão do que gostaria de falar, de passar. A gente queria algo mais sustentável, mais voltado para marcas autorais. E nos bazares que a gente participava, não encontrava isso 100%. Não existia tanto isso. Então, esse foi o principal motivador para começar O Mercado”, afirma Clarissa Muniz.
“Nossa inspiração veio de dentro de casa. Nossas mães eram costureiras. A mãe da Je é costureira, modelista. E a minha é costureira artesã. A gente já participava de outras feiras no país e vinha com essa bagagem. Então, pra gente foi um curso natural de vida. A gente vivenciou isso tudo durante anos e colocamos nossa experiência, o que acreditamos, num formato que fosse bom para o expositor”, completa.
O Mercado – @estilistasindependentes , que comemora 10 anos esse mês, é referência de feira de moda, design e decoração, que reúne, atualmente, mais de 800 produtos em sua loja virtual e mais de 30 pequenos produtores na loja física, na Vila do Largo, no Largo do Machado, Rio. Na empresa, toda equipe é formada por mulheres; 98% das marcas expositoras são comandadas por mulheres, além de marcas inclusivas, da periferia, LGBTQIA+, de posicionamento e de comércio justo.
“Nosso maior objetivo é alavancar profissionais, marcas, criadores, artistas, para que eles possam viver do trabalho deles, de uma forma bacana, com qualidade de vida. O nosso foco não é criar marcas enormes, ampliando ainda mais o fast fashion. É conseguir o apoio para que eles mantenham o perfil da marca deles, levando qualidade para o cliente, e mantendo essa microeconomia igualitária, com essa força transformadora de consumo”, completa Je Muniz.
Falando em artistas, Raquel Potí – @raquelpoti – é uma das referências em cultura popular, onde desenvolve diversos projetos; oferece oficinas de perna de pau para adultos e crianças em vários estados e, é uma das maiores responsáveis pela democratização do acesso a esse brinquedo antigo. Co-gestora do Bloco Amigos da Onça e Terreirada Cearense, teve como grande inspiração as Companhias Carroça de Mamulengos, Têm Sim Sinhô, a Grande Cia. Brasileira de Mystérios e Novidades e o Grupo Tá na Rua. Integra a banda de forró formada por 4 mulheres “Flor de Manacá” e a CHAP – Companhia Horizontal de Arte Pública. É gestora da sua própria empresa de eventos.
“Sou caiçara de uma vila de pescadores na Zona Oeste do Rio chamada Pedra de Guaratiba, onde passei infância e adolescência, e foi lá que com 4 anos vi a Folia de Reis. O palhaço da folia me encantou, era mágico ver sua dança, movimentos improváveis ao som daquela percussão, cheios de poesia, e como ele pegava as moedas com a ponta da bengala, eu não conheci o imã, então pra mim era muito incrível aquilo. Essa magia foi o que me inspirou por toda vida a partir dali , até hoje. E, quando encontrei as pernas de pau pude viver no meu corpo esse encantamento, e ver nos olhos das pessoas aquele mesmo brilho dos meus olhos de quando era menina. Como se o palhaço da folia, que vi naquele dia, agora estivesse comigo pra sempre”, revela Potí como tudo começou.
“Quando comecei a conhecer todas as fases de construção de um espetáculo percebi que a apresentação em si era uma das curvas do eterno caminho de experiências e aprendizados, tanto técnicos quanto sociais/humanos. Desde a oficina de perna de pau, onde as pessoas aprendem a técnica, mas também a despertar e trazer luz para suas potências e estabelecem novo olhar sobre si no mundo, encontrando um novo sentido pro pertencimento, coletivamente. Depois vem os ensaios, onde a imaginação e a criatividade materializam cenas expressivas com os argumentos que foram pesquisados e elaborados ao longo da jornada, junto vem a construção dos figurinos e adereços, em mutirão, onde a pesquisa e o fazer artesanal criam peças únicas, inspiradas na cultura popular do brasil e do mundo”, completa, mostrando que todas as etapas são construídas a partir de uma metodologia própria compilada a partir de uma pesquisa que já dura 10 anos em tecnologias para o desenvolvimento humano, com referências culturais populares dos cinco continentes.
“O meu propósito é criar espaço seguro e de confiança para a cada dia estarmos mais livre de condicionamentos que impeçam a expressão plena dos nossos sonhos, dons e talentos, abrir caminhos pra essas potências se manifestarem livremente, numa sociedade utilitarista nem sempre é fácil, mas ao longo desses 6 anos de experiências práticas no Rio e em outras cidades do Brasil, mais de 400 pessoas já descobriram suas asas e estão voando por ai”, finaliza.
Pra subir nas pernas de pau, tem que exercitar muito o corpo. E quem sabe sobre exercitar é a medalhista olímpica Adriana Samuel – @adriana.samuel , que tem usado a experiência no vôlei de praia para se dedicar a outras atividades. Há 17 anos atuando no mercado esportivo, atleta duas vezes medalhista Olímpica em jogos consecutivos (Atlanta, 1996 e Sydney, 2000), se destaca no desenvolvimento de projetos que vão do social à captação de patrocínio e gerenciamento da carreira | imagem de grandes atletas.
Mais que uma jogadora de vôlei de sucesso; é uma empreendedora que tem a iniciativa, coragem e persistência para transformar projetos em realidade.
“Hoje meu propósito através dos projetos sociais é levar oportunidade para os menos favorecidos, utilizando o esporte como ferramenta de inclusão e transformação social. Oferecendo prática esportiva e outras atividades com profissionais super qualificados, muita seriedade e comprometimento. Dessa forma me sinto realizada”, avalia.
Adriana possui duas ações sociais de destaque: o Projeto Sem Barreiras e a Escola de Vôlei Adriana Samuel, onde já passaram cerca de 3 mil alunos. Ela também gerencia a carreira de grandes atletas e lidera o projeto Time Petrobras, que apoia atletas na preparação para os Jogos Olímpicos de Tóquio 2021.
Falando em preparar, nada melhor que uma Chef para criar pratos de dar água na boca. Heaven Delhaye – @chefheavendelhaye – é famosa pelo MasterChef e por seus restaurantes no Rio. Filha de mãe francesa e pai português, aos 5 anos já admirava o trabalho de sua mãe, que era cozinheira. Por sua curiosidade e interesse, aos 9 anos, passou a ajudar a mãe no que podia: descascando os legumes, lavando pratos e provando as etapas de cada preparação. Dentro de si, já sabia o que queria ser quando adulta, pois não havia nada que trouxesse tanto entusiasmo quanto a cozinha. Aos 17 anos, Heaven viajou para a Europa para estudar e praticar a gastronomia, onde fez estágios e aproveitou oportunidades em países como Portugal, França, Espanha e Itália.
De volta ao Brasil, Heaven se tornou apresentadora do ramo de culinária. Iniciou em Santa Catarina, apresentando seu próprio programa em uma emissora local, o Heaven’s Kitchen, que em pouco tempo migrou para a rede nacional. Em 2011, Heaven foi contratada pela Rede TV! como repórter de matérias gastronômicas do Programa Amaury Jr., além de ser uma das culinaristas do programa Nestlé com você e Se liga Brasil, da mesma emissora.
Heaven se tornou Chef do Le Club, no Vogue Square no Rio de Janeiro. Em 2017, abriu o Chez Heaven Bistrô, neste mesmo -local. No ano seguinte, a Chef encarou um dos maiores desafios de sua carreira, participando do programa de competição culinária MasterChef Profissionais Brasil, onde conquistou o terceiro lugar. Em 2019, a Chef participou da 8ª edição do World Master of Pasta, vencendo a etapa brasileira, onde representou o Brasil em Paris e disputou a final do Campeonato Mundial de Massas. Neste mesmo ano, Heaven abriu mais dois restaurantes italianos, também no Vogue Square. O Heaven Cucina, com um menu especializado em massas frescas, e o Nonna Per Heaven, sua pizzaria de longa fermentação natural.
Agora, também de frente no D’Heaven, seu mais novo empreendimento francês no VillageMall, a Chef conta que um dos seus maiores objetivos é ter mais Heaven’s pelo Brasil, além de um projeto social.
“Meu objetivo é ter o nome Heaven cada vez mais consolidado no país, sendo reconhecido por uma cozinha de qualidade e levar a boa gastronomia a outros lugares. Além disso, penso, no futuro, ter uma escola para ajudar jovens carentes a se formarem em gastronomia. É uma área muito carente, as escolas de gastronomia são muito caras, e os profissionais precisam dessa formação. Então, a ideia é ajudar esses jovens com os estudos e os estágios dentro dos próprios restaurantes”, completa.