Magnatas do Crime (2020): Para Ser “Rei da Selva”, Não Basta Ser, é Necessário Agir Como Um

 

Magnatas do Crime (“The Gentlemen”), filme dirigido e escrito por Guy Richie, retrata a história de Mickey Pearson (Matthew McConaughey), americano detentor de um notável império contrabandista de drogas – Cannabis – construído em solo inglês, mas que deseja sair de cena e aposentar-se. Desta forma, uma sucessão de fatos entrelaçam-se em uma irreverente corrida pelo poder, digna de tornar-se um roteiro de cinema. A metalinguagem é um elemento apresentado logo nos primórdios do filme pelo cômico Fletcher (Hugh Grant), repórter-investigativo que alega possuir informações relevantes sobre os deslindes interpessoais que circundam o cenário de drogas na Inglaterra e os apresenta na forma de um roteiro – intitulado “bush” (maconha) – para Ray (Charlie Hunnam), homem de confiança de Mickey Pearson, em troca de dinheiro. Assim, o filme inicia-se com a versão cinematográfica dos fatos desenvolvida por Fletcher, que nos é apresentada, como também a Ray (seu ouvinte), em um tom dramático e divertido.

Os algozes do tido rei da selva (Matthew McConaughey), são Dry Eye (Henry Golding) e Matthew (Jeremy Strong), integrantes do mundo do crime que passaram a criar expectativas de aumentarem seus negócios após tomarem ciência da possível venda do império de Mickey Pearson. Para além destes, conhecemos o “coach” (Colin Farrel), apresentado como um altruísta pugilista que conta com alunos em sua academia detentores da prática de gravarem furtos/brigas em locais inusitados para depois postarem editados na internet, na forma de clipe musical. Por fim, temos a Rosalind Pearson (Michelle Dockery), esposa de Mickey, uma mulher de personalidade forte que toca seu próprio negócio: uma oficina de carros que só possui mulheres como mecânicas. O elenco de peso aponta a densidade do longa, que é recheado de fabulações, mas que tem a leveza e a ousadia como marcas em sua narrativa.

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As vestimentas dos personagens, como também os seus particulares trejeitos, são gastados de forma muito inteligente por Richie, dando a tônica cômica nos diálogos e situações pouco convencionais em que seus intérpretes são inseridos. A construção com pouca linearidade impacta quem assiste, lembrando as ícones cenas exploradas muito bem por Tarantino, em que o protagonismo do enredo é partilhado por todos que compõe a obra. Assim, vale destaque a belíssima atuação de Hugn Grant, que nos entretém integralmente com suas caras e bocas durante seus diálogos e sua personalidade egocêntrica que denota seu sentimento de domínio sobre a perigosa situação na qual está se colocando, sendo uma atração à parte. Ademais, Charlie Hunnam (Ray) também é realçado, mas de maneira oposta; enquanto ouve o enredo do “bush”, posta-se como alguém discreto e meticuloso. Esse antagonismo entre os personagens funcionou muito bem durante todo o filme.

Magnatas do crime agrada muito, marcando a retomada da essência de Guy Richie às telonas, que por vezes já fora questionada em razão de seus últimos filmes tido como bem “enquadrados”. Apesar de posto em segundo plano, apontamentos de ordem social são abordados no longa, a exemplo da existência ou não da ética em um ambiente criminoso, como também o atrelamento da alta cúpula – aristocracia – com a manutenção e financiamento do crime. Aproveite e permita-se o deleite de uma trama engenhosa, mas despretensiosa, com reviravoltas e atuações notáveis, que diverte e entretém aquele que se dispõem a isso.

 

DENI FILHO

 


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Sou Advogado, Empresário e Entusiasta da sétima arte. Para o canal Cinema & Companhia do ArteCult realizo a análise crítica sobre obras cinematográficas – filmes, séries e desenhos - inclusive pautada também pelo olhar jurídico (veja em artecult.com/author/cineelaw e siga meu Instagram @cineelaw).Neste caso, a proposta é uma abordagem leve, a fim de proporcionar um entendimento do tema pelo público em geral, trazendo em seu cerne uma dialética entre o mundo jurídico e a cultura pop contemporânea.

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