Apesar de ser ambientado entre os anos 80 e 90, a realidade de Luta por Justiça ainda é bem presente na vida de várias pessoas que estão no corredor da morte, presas por crimes que nunca cometeram, tudo porque as pessoas, principalmente a polícia, decide julgá-las pela cor da pele ao invés de se aprofundar nas investigações dos crimes pelos quais são suspeitos.
O diretor Destin Daniel Cretton mostra essa dura e cruel realidade através de um dos casos verídicos mais impressionantes ocorrido no Alabama no final dos anos 80 , acompanhando a luta de Walter McMillian (Jamie Foxx), que foi condenado injustamente por um assassinato que ele não cometeu, e de seu advogado Bryan Stevenson (Michael B. Jordan), um dos poucos que acredita firmemente em sua inocência e luta pela sua liberdade. Cretton foca pouco no crime em si, ele deixa claro o que houve sem entrar em muitos detalhes e somente contextualizando a acusação sobre Walter. É o suficiente, já que o principal foco desse filme é mostrar a desigualdade racial, revelando que esta questão está presente na vida de muitas pessoas negras, não só daqueles de classes sociais menos favorecidas.
O que faz o público se revoltar ainda mais é que muitas vezes esse preconceito vem de policiais, ou seja, de homens que juraram proteger e servir, não importando a etnia da pessoa, mas o que é mostrado que estas pessoas racistas pensam que para ser tornar um bom policial, podem julgar e tratar qualquer homem negro que cruzar o seu caminho da maneira mais humilhante e violenta possível.
Mesmo depois de mostrar essa desigualdade, em diversos momentos o diretor faz questão de relembrar que existe um grande sentimento racista dentro da sociedade, mas o modo como isso é feito é um tanto forçado, como se estivesse nos induzindo a sentir mais antipatia e ódio pelas pessoas que cometem esses crimes de ódio. Isso tem mais resultados quando o diretor faz isso de forma simples e natural do que reforçando essa informação.
Quando o filme aborda racismo, mostra um pouco da vida de Walter e de outros presos no corredor da morte, apresentando como é viver com medo esperando sair a data de sua execução e como perdem as esperanças quando isso chega, o que é bem retratado através do personagem Herbert (Rob Morgan IV), mostrando todo o processo de seu último dia. Neste caso o diretor constrói uma cena bem extensa e demorada, enrolando o momento de sua execução para representar como o personagem trata o restante de tempo em vida, tentando aproveitar até o seu último minuto antes de ser executado. O modo como Cretton trata essa cena do começo ao fim é muito bem delicado e sensível, entregando uma das cenas mais comoventes do filme. E ainda consegue dar um segundo sentido a cena, fazendo Bryan intensificar seu trabalho para não deixar que isso aconteça com Walter.
Quando o diretor mostra o processo de apuração dos fatos do caso de Walter que revela as várias falhas encontradas por Bryan, o roteiro segue um mesma fórmula que se repete durante a trama: sempre que tentam reabrir o caso com uma prova concreta, o juiz nega. Mas a cada vez que isso acontece em cena, ganha-se mais peso dramático, fazendo com quen essa repetição não impacte negativamente a narrativa.
Bryan é apresentado como um homem de princípios morais que o fizeram seguir na carreira de advogado e quando é alertado para desistir do caso de Walter, pois isto poderia desagradar muitas pessoas que queriam ver Walter morto, Bryan revela com bastante convicção e verdade sobre o que ele acredita e que remete bem seu caráter e código moral.
Eva, personagem vivida por Brie Larson, também se mostra como uma advogada que luta contra a injustiça e mesmo sendo ameaçada por ajudar Bryan, não desiste e juntos dividem o mesmo pensamento ao trabalhar incansavelmente para a liberdade daquele homem inocente.
Walter é mostrado no início como um homem que perdeu as esperanças, mas logo depois coloca sua fé em Bryan. Mesmo em cada fracasso e com medo de nunca mais ver a sua família outra vez, ele se mantem calmo e paciente, até o ponto em que sua família se torna vítima do abuso do poder de homens da lei.
CONFIRA O TRAILER
Luta por Justiça é um filme tenso e revoltante, que mostra como a proteção e segurança da polícia em vários casos se aplica apenas para os brancos e que ainda existem pessoas que lutam incansavelmente pelo fim da desigualdade racial, mesmo sendo minoria.
NOTA: 9,5
BRUNO MARTUCI
ArteCult – Cinema & Companhia
Siga nosso canal e nossos parceiros no Instagram para ficar sempre ligado nas nossas críticas, últimas novidades sobre Cinema e Séries, participar de sorteios de convites e produtos, saber nossas promoções e muito mais !
@artecult , @cinemaecompanhia , @cabinesete ,
@cinestimado , @sinistros.bagulhos e @hospicionerdoficial