“O Escolhido” é a mais nova produção original nacional da NETFLIX, que aposta em uma trama bem amarrada, de muitos questionamentos e que vai prender a atenção do público do início ao fim. Trata-se de uma produção que te instiga e traz o levantamento de diversos eixos temáticos extremamente contemporâneos, além, é claro, de valorizar a nossa cultura e abordar a vida dos nossos profissionais de medicina e dos ribeirinhos situados nas regiões de difícil acesso. Confira a nossa crítica sem spoiler a seguir.
Composta por seis episódios que já se encontram disponíveis desde o último dia 28/06, a nova produção NETFLIX é inspirada na produção mexicana “Niño Santo“, uma ótima proposta, uma narrativa sobrenatural que bebe de diversas fontes de suspense e horror. Com adaptação da dupla Raphael Draccon e Carolina Munhóz, a trama , bastante dinâmica, sabe muito bem onde quer chegar e sem delongas vai diretamente aos seus objetivos, seus acontecimentos não demoram para acontecer, promovendo assim uma espécie de montanha-russa de emoções em que a cada “looping” nos dá mais vontade de saber o que irá acontecer nos próximos episódios.
Na trama vemos o trio de médicos Lúcia (Paloma Bernardi), Damião (Pedro Caetano) e Enzo (Gutto Szuster), que possuem a missão de atender um pequeno município isolado denominado Aguazul, situado no Pantanal do Mato Grosso do Sul. Precisam realizar a vacinação da população local contra uma mutação do vírus da Zika, ordenada pela OMS.
A questão é que mesmo antes de chegar à região, já recebem um comunicado da população que vive por lá para que nem se dêem o trabalho de aparecer por lá. Mesmo contrariando a ordem recebida, seguem viagem rumo ao município e ao chegar lá são extremamente mal recepcionados pelos moradores da região, que afirmam que eles na verdade “querem envenená-los”.
Mesmo após o acontecido é esclarecido que ninguém adoece ou morre em Aguazul, apresentando assim o maior mistério da trama: a presença de uma espécie de curandeiro denominado “O Escolhido”. Este homem é visto pela população local como uma entidade divina que possui o dom de cura e que age como uma espécie de líder espiritual para os moradores da região. E que não pode nunca ser questionado ou contrariado. Uma série repleta de mistérios e boas cargas dramáticas, elementos fundamentais para o desencadear da trama.
A proposta de “O Escolhido” é a construção progressiva da trama com episódios que possuem ótimo timming, com acontecimentos e desfechos que visam diversos questionamentos: da Fé, do autoritarismo, de diversos tipos de preconceitos, da liderança, da importância da mulher na sociedade, da cultura brasileira, entre outros. Todos estes temas são linkados em seus 6 episódios, sem vir a torná-los monótonos ou enjoativos, proeza da excelente direção de Michel Tikhomiroff.
Outro ponto que vale muito destaque é o ótimo roteiro, que não deixa pontas soltas e acena para um futuro muito interessante para a série, que poderá contar com uma segunda temporada. O trio de protagonistas possui arcos dramáticos bastante interessantes que se desencadeiam em flashes durante o andar da trama, com destaque para a interpretação da protagonista Lucia, realizada magistralmente pela atriz Paloma Bernardi. Sua vida em torno da fé e a sua visão para com a ciência propriamente dita, são pilares fundamentais nessa história. Uma grande escolha da Série foi também o seu posicionamento enquanto mulher num ambiente extremamente machista, pois ela não abaixa a cabeça e vai à luta. Os outros dois médicos Damião (Pedro Caetano) e Enzo (Gutto Szuster) desempenham bons papéis, trazendo ainda maior peso à trama demonstrada.
“O Escolhido”, vivido pelo ótimo Renan Tenca é o personagem mais complexo apresentado aqui com maestria pelo ator, que demonstra todos as camadas do líder espiritual, desde o seu mistério ao poder que exerce para a população de Aguazul. Os demais personagens desenvolvem também bons trabalhos para a construção da trama.
A série, em sua composição artística, é um vislumbre, podemos notar a qualidade sonora, fotográfica e um design bastante arrojado, que tem como inspiração produções bastante conhecidas do gênero de suspense. Quem é fã desta temática irá capturar muitas referências.
Mas ao mesmo tempo que a trama seduz e empolga, acaba focando em determinados acontecimentos desnecessários e ao entregar logo de cara o papel que O Escolhido desempenha para a comunidade de Aguazul, a forma com a qual isto acontece se repete ao longo dos episódios finais da temporada, o que poderia ser substituído por estruturas mais interessantes como os próprios mistérios que regem aquele lugar, na correlação com as lendas folclóricas da região, que são mencionadas no início, mas que não vemos mais a partir do desenvolvimento da trama.
CONFIRA O TRAILER
Por fim, “O Escolhido” é uma proposta agridoce, que tem muito potencial e é feita com muita qualidade para prender mesmo a atenção do telespectador. Esperamos, de verdade, que o público fique cativado à proposta e torne-se fiel, para que possamos conhecer ainda mais os mistérios que ligam “O Escolhido” à comunidade de Aguazul.
NOTA – 8
LUAN RIBEIRO
ARTECULT – Cinema & Séries
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