Surpresa avassaladora a peça “A Cor Púrpura”. É inevitável a comparação com o filme mas ambos possuem dimensões diferentes .
O filme, talvez pela época em que foi gravado, deixou de fora alguns embates que encontram complemento na peça. O começo é praticamente o mesmo: as duas irmãs que brincam e dividem tarefas juntas e que se dão muito bem, num cenário degradante onde a escravidão é aceita e praticada no próprio circulo familiar. Por se tratar de um musical – e diga-se de passagem MARAVILHOSO – as dificuldades já se notam ali. A escolha do elenco não poderia ter sido melhor e o cenário bem planejado nos leva a uma viagem pela história pontilhada de surpresas.
Nesta montagem brasileira, temas como homossexualismo, valorização do ser e principalmente a situação do negro na história vêm bem a calhar com o atual momento que estamos vivendo. Não existe leveza nos assuntos, mas tudo foi foi feito de uma maneira que não choca o público, que se reconhece e sabe, no íntimo, que estamos vendo ali a nossa realidade, a realidade de um povo que precisa matar um leão e engolir mil sapos, com vários desmandos.
Voltando a esta estória, que sempre e em qualquer lugar onde for refeita causará a mesma impressão: os bons sempre ganham no final, mas com muito sofrimento. Os maus, no caso da peça, reconhecem os seus erros e tentam mudanças. Prefiro até não falar diretamente das personagens porque, além de serem muitas, cada pessoa se reconhecerá em alguma delas. Assim também não se estraga a beleza da peça.
Quem conhece o filme vai encontrar algumas respostas que deixaram de ser mostradas e quem ainda não o viu terá uma grande chance de repensar sua vida, sua existência e colocação no seu mundo interior… sim, é isso mesmo.
Destaco aqui apenas um momento que considero chave para todo o sucesso. É um dos momentos de Sissi, a personagem central. Depois de ser chamada várias vezes de feia e aceitar o infortúnio, alguém que, no ínicio, seria uma rival, mostra a ela um espelho. Sissi, diante da sua própria imagem, desconstrói seu próprio medo e, assim, sua nova amiga eleva sua estima apenas com esse gesto.
Não perca a chance de assistir e dar também aqui sua opinião a respeito. Talvez você veja por outro ângulo, que também deve ser respeitado. Eu me surpreendi muito e confesso que foi muito mais do que eu esperava.
Abração e bom espetáculo !!!!
MIRNA MENEZES
SERVIÇO
A COR PÚRPURA
- Onde: Grande Sala da Cidade das Artes — Av. das Américas, 5300 (3325-0102).
- Quando: De 6 de setembro a 3 de novembro, às 17h (sáb e dom), 20h30 (sex e sáb) e 19h30 (dom).
- Quanto: De R$ 50 a R$ 200.
- Classificação: 12 anos.
Ficha técnica:
Texto: Marsha Norman
Músicas: Brenda Russell, Allee Willis e Stephen Bray
Versão brasileira: Artur Xexéo.
Direção Geral: Tadeu Aguiar
Direção Musical: Tony Lucchesi
Elenco: Letícia Soares, Sérgio Menezes, Lilian Valeska, Flavia Santana, Jorge Maia, entre outros.
Assistência de direção: Flavia Rinaldi
Produção de elenco: Marcela Altberg
Cenário: Natalia Lana
Figurino: Ney Madeira e Dani Vidal
Desenho de luz: Rogério Wiltgen
Desenho de som: Gabriel D’Angelo
Coreografia: Sueli Guerra
Visagismo: Ulisses Rabelo
Assistência de cenografia: Gisele Batalha
Assistência de Coreografia: Olivia Vivone
Assistência de direção musical: Thalyson Rodrigues
Assessoria de Imprensa: barata Comunicação
Registro Videográfico: Paulo Severo
Comunicação em redes sociais: Rafael Nogueira
Projeto gráfico: Alexandre Furtado
Coordenação de produção: Norma Thiré
Produção Geral: Eduardo Bakr
Arrasou mesmo.peça absolutamente emocionante. Aplaudida de pé pelo público!