O MAL NÃO ESPERA A NOITE – MIDSOMMAR: Pertubador e artístico

“O Mal Não Espera a Noite – Midsommar” é um filme denso, pertubador e muito artístico.

Esta coluna recebeu a colaboração de Bruno Martucci, que nos enviou a seguinte crítica sobre este filme:

Após “Hereditário”, o diretor Ari Aster novamente surpreende o público com o seu segundo longa, que, mesmo tendo um estilo parecido com o seu filme anterior, tem uma abordagem completamente diferente ao trabalhar as cenas de horror em plena luz do dia.

Will Poulter em “Midsommar”. Foto: Divulgação.

Mesmo não sendo uma ideia original em mostrar os acontecimentos no claro (“O Homem de Palha” de 1973 também já fez isso), o diretor faz bom uso desse recurso, já que ele trabalha mais no terror psicológico através das imagens mostradas na tela, que a primeira vista não parece nada de mais, mas ao longo da história, o ritmo começa a causar desconfiança e desconforto no público. Com a ajuda da trilha sonora que utiliza um pequeno coro e às vezes sons de violino com notas bem agudas, quase desafinadas em cenas em que nada de anormal acontece, ajudam a causar esse desconforto, aumentando a desconfiança dos personagens em relação ao verdadeiro propósito do festival em que os mesmos se meteram.

A primeira hora do filme tem um ritmo calmo, mas perturbador devido aos acontecimentos com a protagonista que a deixaram perturbada depois de uma tragédia familiar, apresentando em seguida aquela pequena comunidade da trama. Aos poucos o diretor nos mostra alguns métodos e rituais, um tanto obscenos através de pinturas espalhadas pelo lugar, para provocar ainda mais desconfiança no espectador, e quando o diretor opta em acrescentar uma cena de terror físico, acaba causando um grande impacto, já que ninguém espera pelo acontecimento, mesmo a cena não sendo tão forte comparada a outras obras extremamente violentas, ela é bem explícita, quebra por completo o ritmo calmo, nos fazendo temer de vez pelo que pode acontecer em seguida.

Cena de “Midsommar”. Foto: Divulgação.

Um dos grandes destaques no elenco e da protagonista Dani (interpretada por Florence Pugh), que surpreende ao interpretar sua personagem, mostrando ela fazendo essa viagem para tentar superar sua perda, mas cada vez mais esses fantasmas a assombram ao se envolver no meio dos costumes e rituais dentro da comunidade.

Na maioria das vezes o roteiro não entrega muitas informações ou explicações expositivas com o intuito de nos deixar entender tudo, em vez disso, o roteiro deixa muitas vezes o que foi mostrado à nossa própria interpretação, mesmo que muitas vezes a informação esteja presente na cena, basta apenas o espectador compreender o significado do que foi mostrado.

Alguns elementos apresentados ao longo da trama não possuem muita função, assim como alguns personagens descartáveis, como no caso do personagem de Will Poulter que faz essa viagem com um único objetivo, e que não tem nenhuma construção ou desenvolvimento ou contribuição para o percorrer da trama, ou a cena em que o grupo fica alterado que só serve para reforçar o que Dani foi afetada com tudo o que aconteceu com ela.

Para mostrar os personagens sobre efeito alucinógeno, em vez de deixar explicito em diálogos, o diretor opta em deformar o cenário de fundo para passar a sensação confusa e desorientada que os personagem estão sentindo, o que reforça ainda mais o medo do publico pelos personagens.

Florence Pugh e Jack Reynor em “Midsommar”. Foto: Divulgação.

Midsommar pode até não assustar, mas ele é um filme incômodo, desconfortável, provocativo e perturbador, que pode ser que não agrade um público mais distraído e que espera cenas sanguinárias e expositivas, mas que vai agradar bastante aqueles que esperam algo que façam eles saírem do cinema mudados de alguma forma.

 

Uma colaboração de BRUNO MARTUCCI .

Obrigado Bruno!

 

 

Confira o trailer:

 

 

 

 

 

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Author

Luan Ribeiro, natural de Mata de São João, Bahia, é como um "protagonista" que decidiu viver em meio aos grandes filmes. Especialista em comunicação, segue guiado pelo seu amor às histórias épicas e sagas cinematográficas, Luan é o criador do @CinemaeCompanhia no Instagram, que ganhou destaque como a editoria do Canal de mesmo nome no Portal ArteCult.com. Para ele, assistir a um filme é como entrar em um multiverso, uma oportunidade de se teletransportar para galáxias distantes ou enfrentar dragões, tudo enquanto escapa da rotina. Luan é um verdadeiro "rato de cinema", acompanhando as estreias como um Jedi em busca do equilíbrio entre a fantasia e a crítica afiada. A cada visita às telonas, ele analisa o enredo, as performances e, claro, traz aquele toque geek que só um verdadeiro fã de cultura pop pode oferecer. Pelo CINEMA & COMPANHIA, ele não só compartilha críticas e curiosidades como também realiza entrevistas dignas de tapete vermelho, sempre com um olhar atento para valorizar o Cinema Nacional e suas produções heroicas. Instagram.com/CinemaeCompanhia E-mail: luancribeiro@icloud.com

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