No último dia 06 de junho, teve início o Festival Varilux de Cinema Francês, que em 2019 chega à sua décima edição. O evento, que tradicionalmente exibe as últimas produções do cinema francês, este ano conta com 17 filmes e está em exibição em mais de 80 cidades brasileiras.
Fugindo um pouco dos blockbusters que tomam conta do circuito comercial, e com filmes que agradam aos mais variados gostos, o festival vem crescendo a cada ano, conquistando um público cada vez mais fiel. Na edição de 2012 foi exibido o filme “Intocáveis”, estrelado por Omar Sy e François Cluzet, e que acabou se tornando um dos maiores sucessos de bilheteria do cinema francês.
O evento também se notabiliza pela realização de sessões de debates com a participação de atores e diretores dos filmes exibidos, com perguntas abertas ao público.
CONFIRA A VINHETA DO FESTIVAL
Ainda nesta edição será realizado o 3° Laboratório Franco-Brasileiro de Roteiros, que analisará 15 projetos por 3 roteiristas franceses consagrados. Este ano também foi realizada uma sessão ao ar livre na Capitania dos Portos, na cidade do Rio de Janeiro, com a exibição do drama “O Chamado do Lobo”. Outra característica do festival é a de homenagear os clássicos do cinema francês, como o filme “Cyrano de Bergerac”, de 1990, estrelado por Gerard Depardieu, o escolhido da edição deste ano.
A primeira vez que prestigiamos o Festival Varilux foi na edição de 2013, no filme “Ferrugem e Osso”, estrelado por Marion Cotillard. Desde então, estivemos em todas as edições, tentando assistir sempre dois filmes ou mais. No primeiro fim de semana da edição deste ano, já assistimos a três filmes. Confira nossa análise de cada um deles:
1 – Inocência Roubada, de Andréa Bescond e Eric Métayer
O drama trata o difícil tema da pedofilia, de uma forma mais branda. Odette (Andréa Bescond) é uma mulher com dificuldades em lidar com o passado, quando era constantemente abusada por um adulto, amigo de confiança de sua família. Por anos, ela esconde o passado de todos, e passa a usar a dança como válvula de escape. Quando resolve contar tudo o que passou a uma psicóloga, ela tem que lidar com todos os traumas que passou, além de resolver questões pendentes de relacionamentos dentro de sua própria família.
O filme usa elementos de fantasia, para ilustrar as constantes fugas da realidade de Odette. Atormentada com seus segredos do passado, a personagem mostra um comportamento autodestrutivo até que resolva confrontar tudo o que passou na sua infância.
Inocência Roubada mostra uma diferente e otimista abordagem de um assunto tão pesado e polêmico.
2 – O Professor Substituto, de Sébastien Marnier
Pierre (Laurent Lafitte), é convocado para substituir um professor que tirou a própria vida dentro das dependências de um tradicional colégio francês. Ele terá que lecionar em uma turma de alunos superdotados, e que apresentam um comportamento sombrio e misterioso.
Extremamente inteligentes e manipuladores, os alunos especiais deixam Pierre obcecado atrás de respostas sobre o segredo que eles guardam. Intrigante e constantemente envolto em mistério, este suspense surpreende pelo enfoque apocalíptico em um grupo de adolescentes.
3 – Graças a Deus, de François Ozon
Baseado em fatos reais, Graças a Deus trata de um escândalo de pedofilia que aconteceu dentro da Igreja Católica, na cidade de Lyon. O diretor narra a trajetória de 3 personagens principais, que lutaram para afastar e condenar um padre responsável por diversos abusos e que, apesar das constantes denúncias das vítimas e de seus familiares, continuava a ensinar a catequese para menores de idade. O longa, com mais de 2 horas de duração, mostra o longo e cansativo processo para fazer com que estas denúncias de abuso fossem realmente levadas a sério.
O primeiro trecho do filme conta a história de Alexandre (Melvil Poupaud), um pai de família que se mantém extremamente religioso, apesar de todos as violações que sofreu, e que inicia um processo dentro da própria igreja para afastar o padre que o abusou, do contato com mais crianças.
A segunda parte do filme acompanha a trajetória de François (Denis Ménochet), um homem que perdeu a fé em Deus, e que resolve unir forças com outras vítimas de padre para criar uma associação e lutar por justiça.
O último ato conta o caso de Emmanuel (Swann Arlaud), uma das poucas vítimas, cujo abuso ainda não havia prescrito, e que terá uma importância primordial no julgamento do padre pedófilo.
Um dos trunfos do filme é o de mostrar 3 personalidades totalmente distintas, e quais as influências do abuso em cada uma delas. Por outro lado, a longa duração do filme, ainda que queira retratar o extenso lapso temporal, desde a primeira denúncia até o julgamento, deixa o filme um pouco cansativo. Graças a Deus conquistou o Urso de Prata, no Festival de Cinema de Berlim.
CASAL DE CINEMA
ARTECULT – Cinema & Séries
Acompanhem-nos em nossas redes sociais:
@artecult , @cinemaecompanhia , @casaldecinema,
@cabinesete , @cinestimado e @resetdepoisdever
Acompanhe o resumo do dia do universo de Cinema & Séries: