Boneca Russa, mais um material NETFLIX, conta a história de Nadia Vulvokov (Natasha Lyonne), que em seu aniversário de 36 anos ganha uma festa surpresa de uma de suas melhores amigas, Maxine (Greta Lee, em atuação excelente). Em um dado momento da festa, Nadia sai e acaba morrendo, retornando ao banheiro do apartamento de Maxine no momento da festa. A morte e o retorno ao banheiro acontecem alguma muitas vezes daí pra frente.
Filmes e séries que tratam do assunto de fendas temporais, ou algo parecido não são novidade. Posso citar de bate pronto: Feitiço do Tempo, Efeito Borboleta, Dark e A Morte te dá Parabéns. Boneca Russa, curiosamente, tenta se situar entre os gêneros predominantes nestas obras, começando com uma boa e leve comédia, e aqui vale destacar que o roteiro é bastante inteligente em incluir alguns pontos como a confusão sobre o que estava acontecendo de fato com Nadia ser efeito de drogas puras compradas por sua amiga! A comédia só não ganha mais fôlego, infelizmente, porque Natasha cumpre uma função quase caricatural na série, e fica bem longe de fazer algo de fato hilário, como fez Bill Murray em Feitiço do Tempo e Jessica Rothe em A Morte te dá Parabéns.
A série então começa a entrar num momento mais sério, entregando praticamente um suspense/drama, que se acentua com a entrada de Alan (Charlie Barnett), enquanto os coadjuvantes conferem o alivio cômico em timmings realmente precisos! A indicação de Natasha ao Emmy se justifica inclusive por essa transição da personagem e da química dela com Alan. Ambos se conhecem num elevador, e rapidamente, quando este comer a despencar, se dão conta que ambos estão presos no mesmo looping, dada a tranquilidade que encaram o fim da vida.
Assim, a série acaba por se tornar um bom ponto de partida para refletirmos sobre suicídio, não apenas na forma visceral, mas, nas pequenas negligencias do dia a dia com nossa saúde, segurança etc. Inclusive a forma como ambos ficam presos no mesmo dia é um convite a pensarmos um pouco mais sobre como eles chegaram até ali.
Boneca Russa entra ainda em alguns temas, tais quais como traumas na infância, ou não sabermos superar perdas, podem modificar completamente nosso futuro (o que é curioso, porque se o futuro não existe, não há que se falar em modificar). Fato é que o título cai como uma luva à obra: ambos se redescobrem em várias camadas deles mesmos, e somente matando seus traumas passados, conseguirão ressurgir como novas pessoas.
Não é a melhor série disponível, mas, definitivamente é um bom trabalho com ótimas reflexões. Se está na dúvida sobre assistir, confira o trailer:
Até a próxima!
Bons filmes/séries 😉