Destaque
A Sereia – Lago dos Mortos, o mais novo filme da Paris Filmes, traz a ambientação de um conto russo sobre “sereias” e aposta no gênero de terror para agradar os fãs brasileiros, consumidores assíduos deste tipo de filme nas telonas. Com um visual detalhista, jump scares e uma atmosfera bem construída, o filme acerta em diversos pontos, contudo, cai literalmente em clichês do gênero e acaba por se perder no desenrolar de sua história.
A trama do filme parte do seguinte princípio bastante genérico: um casal Marina (Viktoriya Agalakova) e Romam (Efim Petrunin), estão prestes a se unir em matrimônio, até que uma entidade misteriosa, que habita um lago começam a atormentá-los, pois a mesma deseja o amor eterno do noivo de Marina, devido a isso Ronam começa a ser afetado fortemente por esta figura e sua noiva se vê obrigada a superar todos os seus medos, lutar com monstros e se manter viva para recuperar a sanidade de seu noivo.
Com direção de Svyatoslav Podegaevskiy, filme aposta numa trama com ideias de movimentações de câmera precedidas de trilha sonora que em determinado momento causa o efeito de salto em direção aos telespectadores, promovendo então os chamados jump scares. Estes artifícios, se bem colocados, podem promover uma atmosfera de tensão bastante interessante e fazer com que o telespectador se conecte ainda mais com a história e seus personagens, mas o que acontece aqui é que esse recurso infelizmente é utilizado de maneira desenfreada. Vale salientar também, a contextualização do medo dentro do roteiro, a condução se dá através da figura maligna da “sereia”, só que a sua personificação vai contra a figura comum que nós habitualmente conhecemos.
A trama possui planos sequências bastante detalhados, podemos assim perceber a qualidade dos seus efeitos e tendo como pontos altos sua boa fotografia, efeitos visuais e uma trilha sonora que condiz com a proposta das cenas apresentadas.
Para que possamos nos conectar com uma história, principalmente com gênero terror, é necessário artifícios que tornam a aflição e os sustos orgânicos, no filme estes elementos existem, só que os pré-requisitos são apresentados de maneira desorganizada e por hora causa estranheza no desencadear da trama. O roteiro por sua vez, coloca muitos elementos ao mesmo tempo em sua história e acaba por promover um turbilhão de informações, fazendo com que nos percamos um pouco e fiquemos confusos.
O elenco, por sua vez, se traduz como uma linha tênue no filme, sem nenhum momento de alta performance, em alguns momentos soa como algo de fuga cômica por você acreditar “Realmente isso está acontecendo? ”.
Se pudermos ver esta história como proposta de franquia como “Invocação do Mal”, poderíamos sim ter algo elevado a uma maior potência, pois veríamos uma nova abordagem sobre essa criatura tão conhecida em uma nova roupagem da mitologia russa, o que verdadeiramente não acontece por aqui.
Por fim, A Sereia – Lagos dos Mortos traz elementos interessantes, uma nova abordagem sobre essa criatura tão misteriosa, um visual bem feito, contudo se perde naquilo que se propõe a contar, devido a desorganização de seus elementos… o que é uma pena.
LUAN RIBEIRO
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