O grande diretor Wes Anderson, responsável por obras brilhantes como : O Fantástico Sr. Raposo, O Grande Hotel Budapeste, Moonrise Kingdom, entre outros, possui características notórias e particulares em suas produções. São impecáveis visualmente, com uma trilha sonora marcante e uma narrativa extremamente atrativa e bem colocada na história. Contudo, em suas animações, utiliza um recurso muito atraente e bem visto: o stop motion. Em Ilha dos Cachorros ele entrega praticamente todos os pontos positivos, vide suas características de longas anteriores, com boas doses de humor e referências à História e sociedade contemporânea.
O pano de fundo utilizado pelo diretor foi o Japão e seus arquipélagos conhecidos pelo mundo todo. A cultura oriental é extremamente rica e rígida em suas escolhas e posicionamentos, tipicamente o comportamento bem disciplinado resulta em desenvolvimento e progresso. Temos então na trama, a divisão da história por capítulos, quebra da quarta parede, presença de uma língua diferente do inglês sem tradução, utilização de cores vividas e vibrantes e elementos simples para ilustrar determinadas situações são estruturas presentes colocadas de maneira bem pensada e coesa.
A história se passa em uma cidade fictícia chamada Megasaki, que após uma epidemia de gripe canina e febre do focinho, todos os cachorros são banidos para a Ilha do Lixo a mando do prefeito da cidade Kobayashi (Kunichi Nomura), que sucede uma linha de visão política anti-cães. Sucedendo a isso, a trama apresenta aqui o seu personagem humano principal Atari (Koyu Rankin), o qual Kobayashi possui a guarda, mas este se ver obrigado a fugir a Ilha para tentar resgatar o seu cão de guarda Spots (Liev Schreiber), que possui um grande vínculo afetivo, como seu melhor amigo. Ao chegar na Ilha, este se depara com um grupo de cachorros que são denominados como “Grupo Alfa” composto por personagens icônicos e de características bastante distintas entre eles: Duke (Jeff Goldblum), o cão propaganda King (Bob Balaban), o cão mascote de time Boss (Bill Murray), o correto Rex (Edward Norton) e o diferentão vira-lata Chief (Bryan Cranson), o garoto e o grupo de cachorros atravessam a Ilha em busca de Spot que se encontra perdido. A percepção e abordagem dos diálogos dos cachorros entre si para com o garoto funciona de maneira extremamente entrosada e dinâmica, garantindo momentos repletos de fuga cômica e visões comportamentais entre grupo.
O elenco em geral de dublagem para os cachorros inclui grandes nomes como Scarlett Johanson (Nutmeg) e Yoko Ono (Assistente do Cientista), todos desempenhando um trabalho sublime na composição dos seus personagens. Vale lembrar, que para os humanos do filme todos falam o idioma japonês e em determinados momentos não há tradução.
Com cenas intrigantes, planos e texturas apresentadas em vertical e horizontal características marcantes do diretor, Ilha dos Cachorros traz originalidade e maestria em sua abordagem. Com temas complexos e políticos sua mensagem final é apresentada de maneira louvável e mostra para o que veio.
Confira o Trailer:
Acredito aqui que temos um forte indicado a categoria de Melhor Animação do Oscar 2019. A simplicidade dos sentimentos presentes na trama e os detalhes minuciosos de seu visual faz aqui com que Wes Anderson entregue mais uma obra-prima de sua criação, com problemas alarmantes como: doenças, visões políticas, guerra e exílio e que mesmo assim, conseguimos enxergar a sua beleza mesmo tratando-se de situações complexas, devido a riqueza dos seus personagens e da sua narrativa.
Você sorri, se emociona e vibra pelos cachorros, o Atari e o grupo de proteção aos cães “Pró Cão” e consegue ter a percepção do quanto um cachorro confia em seu dono e está disposto a fazer para poder ajuda-lo sem cobrar absolutamente nada em troca. Ilha dos Cachorros é uma animação grandiosa em todos os seus sentidos.
Vale muito a pena conferir. O filme chega aos cinemas no próximo dia 19/07.
LUAN RIBEIRO