Acho que tinha 16 anos quando meu pai me falou de Jung. Ele me dizia que este psicólogo dava um banho em Freud. Nesta idade já programava meus joguinhos , logo já era tarde demais para eu pensar em fazer Psicologia e sabia que meu negócio mesmo era “mexer com computador”. Mas o impacto no meu modo de pensar foi imenso quando ele colocou em minhas mãos este livro, dica deste post (e , sem dúvida, uma das mais importantes deste site, acredite): O Homem e Seus Símbolos.
O Livro é repleto de imagens fantásticas e é realmente uma viagem através dos símbolos e mitos. Mas em todos os capítulos, escritos por Carl Gustav Jung e seus principais discípulos, um tema é recorrente: sonhos. O livro foi criado a partir de uma entrevista deste grande pensador cedida à TV BBC de Londres em 1959 onde falava exatamente sobre a correta interpretação dos sonhos, pois é muito pessoal. O conteúdo de seu sonho é repleto de símbolos extremamente particulares de quem sonha. Aí que reside a Pedra de Roseta para sua decodificação: a chave é entender seus próprios símbolos. Depois desta entrevista choveram contatos de pessoas interessadas no tema , inclusive de um dos diretores da Aldus Book, que idealizou o projeto, voltado para o público leigo.
Já adulto, tive uma experiência iinesquecível ao usar a técnica comentada no livro. Ao comentar sobre Jung, uma colega de trabalho me pediu para interpretar seu sonho durante um almoço. Achei que era uma oportunidade bacana de divulgar a todos esta técnica, pois sempre me foi útil. Infelizmente durante o processo, o significado de um grupo de símbolos contidos em seu sonho era o abuso sofrido por uma criança e o de outro, o caminho de libertação deste tipo de sofrimento. Ela começou a chorar e senti que era hora de mudar rapidamente de assunto. Depois, ela me confirmou que a criança do sonho era ela mesma. Entendi então que isto deve ser feito mesmo no máximo entre duas pessoas, sendo inclusive a segunda, um psicanalista.
Mas escrito de forma completamente compreensível, no livro estão os principais conceitos da psicologia analítica junguiana: os arquétipos,inconsciente pessoal e coletivo, self, anima, persona, sombra, etc.
É justamente a importância de estar consciente da sua sombra, que não limita o indivíduo. A existência deste “Lado Negro” não necessariamente é um mal para a pessoa, mas esta precisa ter a consciência de sua existência, pois é um tipo de energia poderosa, complementar e que precisa ser reconhecida e, é claro, controlada. E alguém viu aqui alguma coisa que lembre o filme “Guerra nas Estrelas” ? rs
O confronto com sua própria sombra, curiosamente é uma espécie de iluminação pessoal. Leia o livro e boa viagem ao seu próprio inconsciente. E prepare-se para o confonto final ao dar luz à sua própria sombra.