Saudações Terráqueos! No texto dessa semana dou seguimento às bases ou alicerces da fotografia, conversando, um pouco, sobre o último dos três fundamentos básicos da captação da luz enquanto forma de expressão artística: a abertura.
Como vimos anteriormente, os alicerces, as bases, os fundamentos da arte fotográfica são: a sensibilidade do filme (ASA, ISO, DIN…), a velocidade da câmera (dada por frações de segundos a segundos inteiros) e a abertura da lente, que é o que veremos agora.
Vamos começar falando de números “f/”. Em fotografia as letras podem representar determinados números. Apesar do “f/” advir de distância focal, ele trata da abertura da lente. Só que essa abertura será dada em razão de uma fórmula aritmética relacionando a distância focal da lente com a abertura “efetiva” de entrada da luz. Então, como vocês já devem estar enrolados, assim como eu fiquei quando vi isso pela primeira vez, irei antes explicar o que é distância focal para que possamos entender o que é um número “f/”. Vamos nessa?
Cada lente possui uma determinada distância focal. Uma lente tele ou longa ou teleobjetiva é uma lente com grandes distâncias focais e que começam aproximadamente em 100mm, indo até onde a engenharia conseguir (200mm, 300mm, 1000mm, telescópios…). As lentes tele APROXIMAM o objeto em foco.
Na outra extremidade, encontramos as lentes grande angulares que, como diz o nome, apresentam um grande ângulo de abertura, capturando uma grande parte da cena. Elas AFASTAM o objeto. Se nas tele você tiraria um retrato de alguém, nas grande angulares você fará uma paisagem tendo essa pessoa incluída no cenário. As grande angulares se iniciam, historicamente, nos 35mm e vão para o lado oposto das tele (24mm, 20mm, 12mm…). No entanto, ao contrário das tele elas terão um limite físico de grandeza, pois não seriam capazes de, por exemplo, fazer uma foto de 360°, já que teriam que dar a “volta” em si próprias. O que não significa, em absoluto, que não existam fotos de 360°, mas estas são realizadas por montagem ou da própria câmera ou em algum editor de fotos.
Observe-se que, quando me refiro a grande angulares, estou me referindo a lentes retilineares, ou seja, lentes que mantém (ou chegam muito perto de manter) as linhas retas, retas, sem se curvarem. Mas isso é um feito absolutamente complicado de se conseguir realizar no vidro, por isso é extremamente difícil (e caro) de se encontrar lentes antigas abaixo dos 35mm, sendo as de 28mm, as mais comuns. Além das grande angulares, ainda encontramos as chamadas lentes “fisheye” ou olho de peixe, que são lentes grande angulares, porém, não retilineares, ou seja, elas distorcem (e muito) as linhas, gerando imagens características. Como um grande exemplo de fácil visualização, cito o olho mágico que você deve ter em sua porta e que, com um grande campo de visão, consegue captar 180°, no entanto, distorcendo a imagem.
Entre as lentes grande angulares e as tele, encontraremos as lentes mistas e as “normais”. As lentes mistas ou de transição ou transicionais, são aquelas que fazem uma interseção entre as grande angulares e as tele, como, por exemplo, lentes 37mm e 40mm, do lado amplo e as acima dos 70mm até cerca de 85mm, no lado tele. Essas últimas também são chamadas de “meia-teles” ou “sub-teles”.
E entre essas lentes mistas, ou transicionais, encontramos as denominadas lentes “normais”, que se situam na faixa entre os 45mm, segundo o entendimento alemão e entre os 56mm a 58mm, conforme o entendimento russo, ficando o padrão de 50mm, como standard.
Quando se diz que uma lente é “normal”, se quer dizer, exclusivamente, que essa lente teria o mesmo campo de visão do olho humano. Mas na verdade isso é lenda. Apenas era a distância focal mais fácil de ser produzida com a tecnologia e materiais que se dispunham na época e que acabou por se tornar o padrão. Além disso, ficando no meio da escala entre as grande angulares e as teles, é uma distância focal mais versátil, o que, de fato, é, correspondendo a mais da metade de todas as lentes já produzidas.
A título de curiosidade, o campo de visão humano fica entre 22mm e 24mm, sendo que a abertura da pupila varia, em média, entre f/2.4, em ambientes escuros, a f/8.3, em situações de claridade, considerando-se f/3.8 o valor da média mundial.
Agora que já entendemos o que é distância focal, vamos entender o que são números “f/” ou “f/stop” ou “valor de abertura” e a sua importância. Como disse acima, o número “f/” é uma fórmula aritmética (n = f / d) que relaciona a distância focal da lente (f) com a abertura “efetiva” de entrada da luz, o diâmetro (d).
Dessa forma, vamos ao exemplo clássico para que possamos compreender isso numa “nice”. Você tem uma lente de distância focal (f) de 10mm e o diâmetro (d) da íris ou diafragma da lente é de 5mm. Logo, dividindo-se 10 por 5, se tem como resultado o número (n) 2. Ou seja, o seu “número f/” é igual a 2 ou, simplesmente, f/2. Fez sentido?
n = f / d
n = 10 / 5
n = 2
Lindo! Mas para que diabos serve um número “f/”? Basicamente para três coisas: a primeira, “clarear” ou “escurecer” a imagem quando se for bater em ambientes escuros ou claros, respectivamente. Exemplificando, se fosse fotografar em ambientes escuros, a abertura do diafragma ou iris da lente deveria ser ampla, para permitir uma maior entrada da luz, ou seja, um número “f/” pequeno, como f/3.5, f/2.8, f/2, etc. De forma inversa, em ambientes muito ensolarados ou com grande luminosidade, em que se precise reduzir essa entrada de luz, se utilizaria números “f/” grandes, como: f/8, f/11, f/16… Reparem uma coisa, quanto MAIOR for a abertura, MENOR será o número “f/” e vice-versa.
A segunda coisa seria definir a profundidade do campo visual da imagem ou, simplesmente, profundidade de campo, que é a capacidade de se manter o objeto que se está fotografando, em foco, enquanto se desfoca, ou não, o fundo, ao ampliar ou diminuir esse campo visual. Como exemplos clássicos disso cito a fotografia de paisagens, onde se quer uma profundidade de campo ampla, em que tudo esteja perfeitamente dentro do foco, desde elementos próximos ao fotógrafo, quanto elementos distantes, como montanhas ao fundo, por exemplo, e a fotografia de retratos, em que se visa dar um destaque à pessoa sendo fotografada, procurando isolá-la de elementos que possam atrair a atenção do espectador.
A terceira coisa seria a melhora do desempenho relativo da lente. Como vocês devem ter visto em meus vídeos no Canal Analógico Lógico, no YouTube, a luz visível, ou branca, é formada por diversos comprimentos de onda e esses têm “velocidades” diferentes. Quando a luz passa pelos elementos ópticos de uma lente, popularmente chamados de vidro, essa luz se fragmenta, como em um prisma. Dessa forma, por melhor que seja o vidro ou o projeto óptico da lente, há uma tendência física para que o desempenho dessa seja melhor em determinada abertura, justamente pelo fato de ser praticamente impossível de se fazer uma lente excelente em todas as aberturas e/ou distâncias focais. No caso de lentes zoom, esse ponto de melhor performance óptica, geralmente, fica no meio caminho entre os valores de abertura do diafragma da lente (seus números “f/”). Exemplificando, se sua lente tem como valores f/2.8, f/3.5, f/5.6, f/7.1, f/8, f/11, f/16 e f/22, o melhor desempenho dela ficaria, em tese, entre f/5.6 e f/8. Ou seja, valores próximos à metade da abertura.
Dessa forma, agora entendemos que o terceiro fundamento sobre o qual a fotografia se apoia é a abertura e que esta é dada pelos números “f/”, que nada mais são que os valores que definem a entrada de luz na câmera através da lente e, ampliando ou diminuindo esses valores, ou seja, se abrindo ou se fechando o diafragma, pode-se tanto escurecer quanto clarear uma imagem, aumentar como diminuir uma profundidade de campo, bem como, melhorar ou não o desempenho de uma lente. Legal, né?
Logo, pegando-se o que vimos nos artigos anteriores, agora já sabemos que, todos eles se complementam, e mais, todos esses valores: a ASA/ISO, a velocidade do obturador e a abertura da lente, TODOS eles falam da mesmíssima coisa: tempo.
O filme fala de tempo, a velocidade da câmera fala de tempo e a abertura da lente fala de tempo. Tudo é tempo, no filme esse tempo é dado pela velocidade de captação da imagem pelo filme. Na câmera, esse tempo é dado pela velocidade com que o obturador consegue abrir e fechar, deixando a luz passar e, finalmente, na lente, esse tempo é dado pela quantidade de luz admitida em cada abertura. Observando-se que, a maior abertura permite a passagem do dobro da luz em relação a menor abertura subsequente, logo, f/2 permite a passagem do dobro de luz em relação a f/2.8, que permite o dobro de luz em relação a f/4, que permite o dobro de luz em relação a f/5.6 e assim por diante… f/8… f/11… f/16…
E da mesma forma que a abertura, também o filme, já que um filme ASA800 tem o dobro da velocidade de um 400, que tem o dobro da velocidade de um 200, que tem o dobro da velocidade de um 100 e por ai vai… 50, 25, 12, 6, 3, 1.6…
E o mesmíssimo ocorre com as velocidades do obturador! 1, 1/2, 1/4, 1/8, 1/15, 1/30, 1/60, 1/125, 1/250, 1/500, 1/1000, 1/2000… Uma deixando passar o dobro de luz da outra.
Então reparem que isso segue um padrão, no qual o valor seguinte é sempre o dobro do anterior. Desta forma, perceba que, se eu tiver uma câmera com um filme ASA100, por exemplo e, sabendo-se que o valor da ASA não irá se modificar e eu estiver batendo em 1/125seg com minha lente aberta em f/4, se eu quiser diminuir a profundidade de campo para dar mais destaque a algum objeto, por exemplo, bastaria abrir a lente para f/2.8, o que geraria a entrada do dobro de luz. Desta forma, para compensar isso, eu teria que também dobrar a minha velocidade, batendo em 1/250seg, para que o tempo de exposição do filme à luz caísse pela metade, na mesma proporção do aumento da quantidade de luz admitida pela abertura. Logo, fotografia é equilíbrio. Aumenta um valor e diminui o outro, na mesma proporção. Ponto.
Então, para tornar a coisa mais prática, convencionou-se dizer que cada valor desse, seja para a ASA/ISO, a velocidade do obturador ou a abertura da lente, seria definido como uma “parada de luz”, também conhecido por “stop”. Então, quando ouvir o termo “parada” ou “stop” ou “f-stop”, já sabe que se trata da mesmíssima coisa e que qualquer um deles se refere ao tempo, seja esse tempo dado pela ASA/ISO, velocidade do obturador ou abertura da lente. Ou seja, subir um stop é ir de ASA100 para ASA 200 ou de 1/60 para 1/125 ou f/4 para f/2.8, assim como descer um stop é o contrário. Sacou?
E assim concluímos as bases fundamentais nas quais a fotografia, em todas as suas vertentes, se ancora. Espero que tenham gostado, acompanhem minha coluna semanal sobre o fascinante universo da fotografia e não deixem de seguir, assistir e amar o meu Canal Analógico Lógico, no YouTube! Toda semana um vídeo novo e absolutamente imperdível para quem gosta e curte essa nobre arte. Abraço forte e boas fotos!
INSCREVA-SE NO CANAL :
https://youtube.com/channel/UCom1NVVBUDI2AMxfk3q8CpA