MATRIOSKAS: Livro de poemas de Rubermária Sperandio marca a estreia da autora

  
Era o ano de 2016, e a Academia Internacional de Cinema do Rio de Janeiro havia decidido abrir sua primeira turma da oficina de Escrita Criativa.  Boas lembranças. Uma das ministrantes era a professora, filósofa e escritora Marcia Tiburi. E foi assim que, entre leituras, escritas e interesses comuns, eu e Rubermária nos conhecemos.
Rubermária Sperandio é mineira, criada em Mato Grosso e mora atualmente no Rio de Janeiro. Formada em Comunicação Social, com mestrado em Mídia, Política e Cultura pela UFMT, trabalha há mais de dois anos com preparação e crítica literária de originais e agora está lançando pela editora BesouroBox MATRIOSKAS, livro de poemas que a própria escritora define como feminista.
Em conversa com o ArteCult, a autora nos contou como surgiu a ideia da obra:
“Matrioskas surgiu entre um conto e outro que eu escrevia de um livro ainda não publicado. Quando eu parava para relaxar, ficava derramada no sofá lendo poemas, ou refletindo sobre lembranças, acontecimentos, coisas que eu estava sentindo naquele momento… Alguma coisa sempre me pedia para ser contada. Era mais forte do que eu; mesmo cansada, sentia necessidade de escrever de novo. Às vezes, varava a noite. Mas queria testar outra linguagem. Comecei então a escrever textos em forma de poema. Pouco antes, eu tinha feito uma oficina de poesia que tinha me instigado muito. O professor havia chamado atenção para a questão da concisão, transformou um poema meu de vinte linhas em quatro linhas. Era muito prazeroso ficar ali brincando com as palavras, conhecendo-as e testando seus potenciais de dizer as coisas, e dá-lhe dicionario (sempre li com dicionário do lado). “No poema, conheça a palavra; no conto, conheça o assunto”, disse Umberto Eco.
Certo dia, conheci meu editor, que dava, na época, oficinas de poesia; resolvi fazer. Na primeira aula, me pediu para levar alguns poemas para ele conhecer. Na outra aula, ele já os tinha lido, me perguntou quantos poemas eu tinha. Eram mais de oitenta. Aí ele disse, “a gente sempre tem o que aprender, mas você já é poeta. Em vez de te orientar na produção de poemas, vou te orientar na produção de um livro. Vamos publicar um livro?” Levei um susto! Hesitei por um bom tempo, mas decidi publicar. Trabalhamos quatro meses nos poemas, atentos em qual seria o fio condutor. Tinha uma narradora falando ali de questões particulares às mulheres, além de questões políticas mais universais. Dentro destas, se encaixavam todos os poemas.

Matrioskas

E havia o poema “Matrioskas”, que, inicialmente, se chamava “Bonecas russas”. Essas bonecas, consideradas até o hoje o símbolo da família, dizem muito sobre ela.  Apesar das peculiaridades, uma coisa é comum a todas famílias do mundo: a diminuição do gênero feminino e a violência contra a mulher. Pronto, era essa mulher que estava falando. E ela daria nome ao livro. O poema fala de uma mulher oca, esvaziada violentamente; então, seria mais interessante “matrioskas”. Desse modo, talvez, Matriokas tenha nascido prematuramente, antes dos nove meses. Ele tinha urgência. E a gestação dos contos ainda não terminou. Flhotes de elefantes? Tem um conto, estou me lembrando agora, chama-se “O elefante invisível”. Talvez, o livro ainda fique invisível por mais algum tempo, existe um outro com mais pressa. E tem também a COVID, com sua vacina que parece estar na barriga de uma salamandra”, nos contou Rubermária.
Confira abaixo o poema que dá título ao livro.

SERVIÇO

MATRIOSKAS, de Rubermária Sperandio. Foto: Divulgação.

MATRIOSKAS

  • Editora : BesouroBox; 1ª edição (27 dezembro 2018)
  • Prefácio: Clara Averbuck
  • Idioma : Português
  • 64 páginas
  • ISBN-10 : 8555270944
  • ISBN-13 : 978-8555270949
  • Dimensões : 14 x 0.4 x 21 cm
O livro se encontra à venda em várias livrarias e sites do Brasil.
Confira os links de venda de MATRIOKAS:

 

 

Author

Carioca, licenciado em Letras (Português – Literaturas) pela UFRJ, mestre e doutor em Língua Portuguesa pela mesma instituição, com pós-doutorado em Língua Portuguesa pela USP. Participante de 32 coletâneas literárias. Autor do livro de contos "A angústia e outros presságios funestos" (Prêmio Wander Piroli, UBE-RJ). Professor de oficinas de Escrita Criativa. Revisor de textos. Toda quinta-feira, no ArteCult, publica um conto em sua coluna "CONTO DE QUINTA", que integra o projeto "AC VERSO & PROSA" junto com Ana Lúcia Gosling (crônicas) e Tanussi Cardoso (poemas).

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