A Lista para os que querem pensar

Gostaria de salientar uma preocupação.

Não só minha, mas de muitos, que veem na ascensão da extrema direita em todo mundo como algo perigoso, um retrocesso que parece estar em constância.  Digo, o que me move a escrever este texto é a validação que um particular grupo de alunos faz ao Bolsonaro. São jovens, bem jovens, bombardeados por várias perspectivas acerca do que a política se tornou ao longo dos tempos, vítima de nossa desconfiança e incredulidade. Em repetição maciça da voz destes que lhe são mais velhos, que não viram representantes lutarem por eles, líderes transformados em pura mesquinhez, repetidores de mentiras e falácias, são estes jovens que se tornam fãs desta máscara petrificada na raiva, de discurso extremista de eugenia e belicosa solução. São alunos meus, com quem já dialoguei. No entanto, eles precisam de mais, de exemplos do universo artístico que possam ser capazes de ilustrar o caminho natural que se faz ao dar crédito e voto a essas figuras de mínima importância, mas mobilizadoras de massas emprenhadas.

Comecemos por “Triste Fim de Policarpo Quaresma”. Lima Barreto, que graças a Deus está tão na moda – e particularmente espero que não lhe tirem o pedestal – escreveu a história deste homem que muito amava o Brasil e por ele foi morto. Este livro adiantou as facetas do que veríamos anos depois com a Segunda Guerra.

Sigamos para “Os Sertões“. Nosso Euclides mostrou o poder de um governo maldito, que destroçou um povoado, assassinando cinco mil pessoas em uma guerra covarde. Antonio Conselheiro é a síntese do brasileiro que se cansou das fantasiosas ações governamentais e resolveu agir. De caráter messiânico, demonstrou como o sertanejo é um forte hercúleo.

Isso só para citar duas obras brasileiras em que guerra foram geradas na dicotomia entre povo e governo.

Vou aos filmes. Um em especial assisti há pouco tempo com minha esposa. Julgo que deveria ser posto como ementa do ensino médio: a “Lista de Schindler“. Produção de Spielberg, retrata na ficção a história verdadeira de Oskar Schindler, que  fez de tudo para deter o avanço assassino dos nazistas contra os judeus.

Ele era do partido nazista e usou toda a sua fortuna para salvar o máximo de judeus de um dos maiores casos de extermínio da contemporaneidade. Meu primeiro conselho de obra, a eles – meus alunos – tão imagéticos e midiáticos.

Segue-se ao “Menino de Pijama Listrado“. Também é livro. Perverso e triste. Recomendo.

“A Queda”, filmaço, a paranoia em declínio que precisa ser apreciada.

Um filme alemão que retrata o retorno de Hitler, Er ist wieder da, ou “Ele está de volta“, disponível na Netflix, demonstra como seria Adolph nesta época de YouTube. Fascinante e surpreendente por mesclar ficção com documentário. Humor de primeira qualidade.

Usarei está pauta ainda até como forma de ampliar discussão.
Quem puder, coloque outras obras que podem aqui ser discutidas.
Não me cessarei aqui, estejam certos disso.
A Lista será ainda maior. Espero que está nominação venha para alertar.

Até uma próxima.

Author

Professor e escritor. Lançou em 2013 seu primeiro romance, A Árvore que Chora Milagres, pela editora Multifoco. Participou do grupo literário Bagatelas, responsável por uma revolução na internet na primeira década do século XXI, e das oficinas literárias de Antônio Torres na UERJ, com quem aprendeu a arte de “rabiscar papel”. Criou junto com amigos da faculdade o Trema Literatura e atualmente comanda o blog Pictorescos. Tem como prática cotidiana escrever uma página e ler dez. Pai de dois filhos, convicto morador do Rio de Janeiro, do bairro de Engenho de Dentro. Um típico suburbano. Mas em seu subúrbio encontrou o Rock e o Heavy Metal. Foi primeiro do desenho e agora é das palavras, com as quais gosta de pintar histórias.

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